English French German Spain Italian Dutch Russian Portuguese Japanese Korean Arabic Chinese Simplified
Quiero esto en mi Blog!

sábado, 24 de novembro de 2012

O MUNDO QUE ESTÁ CAMINHANDO PARA O FIM




Por

Rev. Davi Gomes do Nascimento

E ouvireis de guerras e de rumores de guerras; olhai, não vos assusteis, porque é mister que isso tudo aconteça, mas ainda não é o fim. Mt 24.6

Todos nós sabemos que a humanidade caminha para o fim, porém muitos estão despreocupados com esta realidade. Muitas pessoas tem sonhado com um mundo melhor, com uma nova perspectiva de vida, mas poucos tem lembrado que uma vida sem Deus não é vida. Uma vida que não busca fazer a vontade de Deus não é vida pra se viver.
Jesus fala neste texto de Mateus que para vir o fim haveria muitos sofrimentos inclusive guerras, mas alguém pode dizer: “Guerra sempre existiu”, e até concordamos com esta afirmação, porém, sempre havia um período de paz e neste sentido perguntamos: O mundo vive em paz? Talvez muitos tem se assustado com os fatos que tem abalado o mundo, as guerras estão mais intensivas, vidas tem sido sucumbidas, mas muitos ainda vivem com uma falsa esperança de que haverão dias melhores, e temos que reconhecer, infelizmente a igreja pensa assim. Muitos crentes infelizmente estão vivendo suas vidas como se Cristo não fosse voltar. Tem se dedicado às suas vidas, não tem sentido mais vontade de vir a igreja, acham que sua presença na igreja não é tão necessária e o pior é que ainda argumentam de uma forma dissimulada: “Deus Perdoa, ele entende que não tenho tempo, o dízimo que dou já é minha contribuição para o Reino de Deus”. Tais pessoas acham que nunca prestarão contas pelos seus feitos, inclusive a sua negligência para com as coisas de Deus. O apostolo Paulo nos diz em sua primeira carta aos Coríntios que  “todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”, 1 Cor 5.10. O texto não fala que prestaremos contas pela nossa “espiritualidade” apenas, mas também pelo uso do nosso corpo, que muitas vezes de uma forma preguiçosa e sonolenta e também cansada, nos impede de virmos adorar a Deus juntos com os nossos irmãos. Mas há aqueles que argumentam sua ausência dizendo: “Mas quando eu fico em casa, eu leio a Bíblia, faço minhas orações e assisto uma mensagem pela Tv com o pastor “x””.  A Palavra de Deus nos ensina que servir a Deus não é está em casa, cultuar sozinho e simplesmente assistir uma pregação ou “recado de Deus”, como costu mam denominar a Pregação da Palavra de Deus, como se Deus mandasse recados. Não! Servir a Deus é mais do que uma simples devoção domestica, servir a Deus é estar juntos em comunhão, cultuando ao Deus Tri-Úno, a Biblia nos mostra essa verdade: OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união”, Salmos 133.1. Paulo também mostra esta realidade dizendo que “Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor” 1 Coríntios 1.9 e ainda  João continua dizendo que “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos, e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado”, 1 João 6, 7. A igreja só tinha crescimento por que estavam unidos em um só propósito: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”, At 2.42. E como resultado desta comunhão da igreja, “todos os dias acrescentava o Senhor à igreja aqueles que se haviam de salvar” At 2.47. Como anda a nossa vida com Cristo? Vivemos apenas uma crença nominal ou vivemos uma crença genuína e verdadeira; uma fé que é capaz de transportar montes? Achamos que o fato de vir uma vez por mês a igreja é evidência de ter feito a nossa parte? Veja o que o Senhor nos diz a respeito disso: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai aproximando aquele dia, Hb 10.25. Que dia é este que se vai aproximando? É o dia da volta de Cristo, onde as trombetas soarão e a igreja subirá, mas você está preparado para esta vinda? Você realmente vai subir? O fato de estarmos arrolados em um rol de membros da igreja não é garantia suficiente para entrarmos na glória eterna. Se não tivermos uma vida compromissada com o Senhor aqui na terra e se não queremos ter comunhão com a igreja aqui na terra e ainda se achamos que já fizemos tudo em ter comunhão com Deus na frente de um aparelho de Tv e ainda se achamos cansativo está na igreja durante duas horas de culto no Domingo, como vamos suportar uma eternidade de culto ao Soberano Deus? O fim daqueles que perseverarem nesta vida, na eternidade com Deus o glorificarão e cultuarão o seu nome para sempre. Você estará preparado para a eternidade? Se você não aguenta passar duas horas cultuando ao Senhor aqui na terra, na igreja, como suportarás cultuar ao Senhor eternamente. Lá não haverá desculpas, trabalho, família... e outras coisas que nos impedem de sermos permanentes na casa de Deus.
É hora da igreja acordar e ter uma vida mais compromissada com o Senhor, pois o fim está próximo, o mundo está mostrando esta realidade, pessoas estão morrendo em confrontos em todo o mundo, mas o que estou fazendo como cristão? Estou me preparando realmente? Estou mais preocupado em junta os meus tesouros e valores aqui neste mundo e me esqueço que o maior tesouro está na eternidade? O mundo hoje está como uma bomba relógio, pronto para explodir, você quer estar no meio da explosão, por amar tanto este mundo?

“prepara-te, ó “Igreja para em breve” te encontrares com o teu Deus”, Amós 4.12



Rev. Davi Gomes do Nascimento


Abnegação: Um Elemento na Adoração

George H. Morrison

Na adoração pública, há certas exigências solicitadas de todo adorador. Existem determinados elementos que precisam estar presentes, para que a adoração seja realizada em espírito e em verdade. Por exemplo, existe o sentimento de gratidão pela bondade de Deus para conosco, dia após dia. Há também o sentimento de necessidade espiritual e o reconhecimento de que ninguém, exceto Deus, pode satisfazer essa necessidade. Existe o sentimento de que somos devedores a Cristo, que nos amou e a Si mesmo se entregou por nós; em cuja morte está nossa única esperança e cujo Espírito é nossa única força. Todos esses elementos precisam estar juntos e mesclados, para que a nossa adoração seja verdadeira adoração. Sem estes elementos, uma pessoa pode vir à igreja e retirar-se “da maneira como entrou”. Existe outro elemento, igualmente importante, que com freqüência é ignorado . a abnegação. Todos admitimos que a adoração demanda louvores a Deus, mas também devemos lembrar que a adoração exige que nos neguemos a nós mesmos. Muitas pessoas consideram a adoração uma alegria; porém, ela é muito mais do que uma alegria, é um dever. Quando a entendemos corretamente, a adoração é um dever que possui uma natureza tão sublime e sobrenatural, que realizá-la corretamente é impossível, exceto quando existe certa medida de sacrifício pessoal. Seguindo este conceito, discorrerei sobre o elemento de sacrifí- cio na adoração. Desejo insistir com você no fato de que adorar a Deus tem sempre de exigir abnegação. Considerando o assunto desta maneira, minha oração é que nossa adoração se torne algo nobre e escapemos da leviandade em relação a ela, a leviandade tão prevalecente e perniciosa.


CONTRIBUIR NA ADORAÇÃO

Primeiramente, o elemento de sacrifício pode ser visto na questão de ofertar dinheiro. .Trazei oferendas e entrai nos seus átrios.. Nenhum judeu vinha adorar com as mãos vazias. Ofertar de seus bens era uma parte de sua adoração. Dos treze cofres que havia no tesouro do templo, quatro eram para as ofertas voluntárias do povo. Esse espírito nobre da adoração no Antigo Testamento passou à adoração realizada pela igreja e foi grandemente intensificada e aprofundada pelo novo conceito do sacrifício de Cristo. .Graças a Deus pelo seu dom inefável!. . este sentimento era a mola mestra da liberalidade cristã. O sublime pensamento a respeito de tudo que Cristo havia dado estimulava até os mais pobres a ofertarem. Este pensamento santificou de tal maneira o ofertar por parte dos crentes, que Paulo falou sobre o triunfo da ressurreição e, em seguida, parecendo inconsciente da mudança de assunto, acrescentou: “Quanto à coleta para os crentes”.
Ora, enquanto todas as ofertas dos crentes eram aceitáveis a Deus e traziam bênção aos ofertantes, desde tempos remotos os homens espirituais sentiam que o verdadeiro ofertar tinha de envolver o negar-se a si mesmo. Lembramos o repúdio de Davi contra a atitude de oferecer a Deus algo que nada lhe custaria (2 Sm 24.24). Esse comportamento do rei Davi, em meio a todas as suas falhas, revela seu caráter centralizado em Deus. E lemos a respeito do Senhor Jesus e de seu julgamento referente à oferta da viúva e às riquezas que Ele encontrou em tal oferta, porque houve abnegação no ofertá-la. Foi um maravilhoso clamor que brotou dos lábios de Zaqueu, quando ele se encontrou face a face com o Senhor Jesus. Ele clamou olhando para Jesus: .Senhor, resolvo dar aos pobres a metade dos meus bens. (Lc 19. 8). Zaqueu sempre havia ofertado de conformidade com sua maneira judaica de fazê-lo. Ele nunca entrara no templo sem levar uma oferta; mas agora, ao contemplar Jesus, sentiu que nunca poderia dar o bastante.
Irmãos, esta é a característica distintiva da oferta cristã: ela alcança a abnegação. Você pode contribuir como cidadão e nunca sentir essa característica; mas não penso que você pode ofertar como cristão e deixar de experimentá-la. Não penso que podemos ofertar no mesmo espírito de Jesus, até que, assim como Ele, nossa abnegação seja atingida, até que o amor de Cristo nos constranja a algum sacrifício, assim como O compeliu ao maior de todos os sacrifícios.
Com seriedade, perguntemos a nós mesmos: o nosso ofertar já chegou ao ponto de envolver sacrifício? Temos negado a nós mesmos alguma coisa, para que tenhamos condições de trazer oferendas aos átrios de Deus?
Somente assim o ofertar é uma alegria e nos aproximará mais de Cristo; somente assim o ofertar será um dos meios da graça, tão espiritual e fortalecedor quanto a oração.
Agora aprofundemo-nos um pouco mais; pois gradualmente, à medida que nos tornamos mais espirituais, o conceito de renúncia própria também se aprofunda em nós. Apenas trazer uma oferta em suas mãos não era o suficiente para uma pessoa que vinha adorar a Deus. Lentamente foi gravado na mente dos judeus o fato de que a verdadeira oferta estava no coração. E não existe algo tão instrutivo quanto observar nas Escrituras o desenvolvimento desse conceito . o gradual aprofundamento da abnegação como um elemento na adoração aceitável a Deus.
Primeiramente, devemos pensar no caso de Davi, um homem treinado em rituais de adoração. Podemos deduzir que desde a sua juventude ele jamais havia adorado a Deus oferecendo alguma coisa que não lhe custasse nada. Ele trouxera suas ofertas, pagando por elas, e negara algo a si mesmo, de modo que pudesse comprá-las. O Deus que Davi encontrara, enquanto pastoreava seus rebanhos, não era um Deus que deveria ser adorado sem custo algum.Em seguida, Davi subiu ao trono, ocorreu sua queda e a terrível devastação de seu caráter real; e ele descobriu que todo o sangue de bodes não poderia torná-lo um verdadeiro adorador novamente. .Os sacrifícios agradáveis a Deus são um espírito quebrantado, um coração humilhado e contrito.. Ainda que ele desse seu reino como oferta, não seria um adorador aceitável a Deus. Ele tinha de entregar a si mesmo como uma oferta a Deus; pois, do contrário, não seria um adorador aceitável. Davi tinha de negar a si mesmo e suas concupiscências; precisava abandonar seu orgulho e arrepender-se; pois, doutro modo, toda a sua adoração seria uma zombaria e o santuário, um lugar de esterilidade para ele. Desde o início ele sabia que adorar significava renunciar.
Seu pensamento de renúncia própria aprofundou-se. Ele reconheceu que não existe qualquer bênção no santuário, a menos que em seu coração houvesse arrependimento e humilhação. Esta era uma poderosa verdade que Davi precisava assimilar, uma verdade que enriqueceu a adoração a Deus através dos séculos, passando à Nova Aliança e a todas as congregações dos santos.

A ATITUDE DO CORAÇÃO NA ADORAÇÃO

Agora, olhemos para o maior filho de Davi e ouçamos as palavras dEle próprio. No Sermão do Monte, Ele se referiu à atitude de trazer uma oferta ao altar: .Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta. (Mt 5.23-24). Observe que Jesus estava falando sobre adoração. Seu assunto não era a reparação de contendas. Ele estava nos ensinando quais os elementos necessários para adorarmos a Deus em espírito e em verdade. O Senhor Jesus não somente insistiu na atitude de ofertar . Ele estava certo de que isto é necessário ., mas também insistiu no fato de que por trás de cada oferta existe uma atitude de renúncia no coração. É mais fácil desistir de uma moeda do que desistir de uma contenda. É mais fácil estender a mão e fazer uma oferta generosa do que abandonar um rancor permanente e demorado.

E Jesus insistia sobre o seguinte:

se a adoração tem de ser aceitável a Deus, o adorador precisa deixar de lado seu orgulho e humilhar-se, como uma criancinha. Isto não é fácil e nunca o será. Isso está muito acima da capacidade do homem natural. É muito difícil de ser realizado, muito desagradável e bastante contrário às inclinações do homem natural. Exige paciência e sacrifício íntimo; e, juntamente com oração, é o segredo da abnegação. Somente desta maneira, conforme ensinou o Senhor Jesus, alguém pode esperar tornar-se adorador aceitável a Deus. Mas quem é suficiente para essas coisas? Isso é exatamente o que desejo gravar em sua mente. Pretendo ensinar-lhe que a adoração não é algo fácil; é bastante difícil. Não é um momento reconfortante no culto dominical, com músicas belas e um pregador eloqüente. É uma atitude do coração e da alma que é impossível existir sem que se negue a si mesmo. Agradeço a Deus pelo fato de que na mais pura adoração há poucas exigências ao intelecto. O mais humilde crente, que talvez não seja capaz de escrever uma carta, pode experimentar todas as bênçãos durante o culto. No entanto, na mais pura adoração existe uma exigência sobre a alma; existe uma chamada ao sacrifício e a tomar a sua cruz. O caminho que nos leva à igreja é semelhante ao que nos conduz ao céu . passa à sombra da cruz.


REUNIR-SE PARA A ADORAÇÃO

Agora consideremos o assunto de nos reunirmos para adoração pública. Na própria atitude de nos dirigirmos à igreja, em cada domingo, precisa haver um elemento de abnegação. Em áreas rurais, talvez seja um pouco diferente, pois em tais lugares as pessoas encontram-se mais isoladas. E, por causa de seu instinto social, sentem- se felizes por reunirem-se na igreja. Na cidade, porém, sempre há companhia, e a dificuldade é alguém ficar sozinho; por conseguinte, na cidade não há um instinto social que reforce a chamada à oração pública. Se uma pessoa examinasse apenas suas inclinações, é provável que raramente ela viria à igreja. Ela está cansada quando a semana termina; e o domingo, afinal de contas, não é um dia de descanso? Talvez ela não esteja se sentindo bem e parece que poderá chover. Não somente isso, mas ela também poderá dizer, seriamente, que será mais beneficiada permanecendo em casa do que indo à igreja. E, se ela deseja um sermão, possui muitos em sua estante, escritos por homens que conhecem bem o coração e que a atingem de uma maneira que nem sempre acontece pelo que ela ouve do púlpito de sua igreja. Todas estas podem ser desculpas inconsistentes ou podem ser de fato verdadeiras. No entanto, revelam que a inclinação natural do coração se opõe à igreja. Mesmo levando em conta velhos hábitos e pressões sociais permanece o fato de que a abnegação é necessária, se alguém deseja estar todos os domingos na igreja.
A verdade é esta: a abnegação é boa para o homem e agrada a Deus. A melhor de todas as maneiras de iniciar a semana é subjugar um pouco as nossas propensões. Realizar no domingo aquilo que é nosso dever e, ao fazê-lo, trazer nossa vontade em submissão é um dos melhores indícios de que desfrutaremos de uma semana brilhante, um indício melhor do que a leitura de um excelente sermão na poltrona de descanso. Jesus .entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler. (Lc 4.16). Você já meditou nessas palavras? Ele era o Filho de Deus, o céu era sua habitação, mas, conforme seu costume, Ele foi à igreja. Jesus nunca disse: .Não preciso ir à igreja, posso desfrutar da comunhão com Deus em casa.. Ele tomou a cruz, negou a Si mesmo e nos diz que devemos seguir seus passos.


COMUNHÃO NA ADORAÇÃO

Deixemos de considerar agora o assunto de nos aproximarmos para adorar a Deus e falemos a respeito da própria adoração. Primeiramente, devemos pensar que a adoração significa comunhão. Na adoração pública, não somos apenas ouvintes, somos uma comunhão do povo de Deus. Você se dirige a uma palestra apenas para ouvi-la; vai ao teatro simplesmente para assistir uma peça; e não importa quem são as pessoas que estão ao seu lado. Elas não representam nada para você, e vice- versa. Nenhuma delas faria qualquer coisa por você ou procuraria ajudá-lo, se estivesse em dificuldade, ou o visitaria, se você estivesse doente, ou se esforçaria para animá-lo, se você estivesse em dias de aflição. No teatro você tem uma platéia, mas isto não é verdade em relação à igreja. Você pode chamá-la de audiência, porém não é realmente uma audiência, em qualquer templo abençoado. É uma comunhão de homens e mulheres unidos pela mesma fé e por coisas profundas, homens e mulheres que amam uns aos outros em Cristo Jesus. Em toda comunhão deve haver certo elemento de sacrifício? É isto verdade em referência ao lar, para que o lar seja algo melhor do que uma bagunça? Sim; em toda comunhão precisa haver abnegação e uma constante disposição de ceder um pouco. Se isto é correto em referência à comunhão no lar, também é correto em relação à comunhão na igreja.
Assim como algumas mães, dignas desse nome, amam ao ponto de negarem a si mesmas em benefício de seus filhos queridos; assim como um esposo demonstrar á consideração por sua esposa em toda decisão que tomar e todo plano que fizer, assim também na comunhão durante a adoração pública tem de haver consideração mútua e uma constante disposição de renunciar um pouco por amor a outros em favor de quem Cristo morreu. Os jovens têm seus direitos, porém não insistirão neles, quando sabem que fazê-lo causará irritação e vexame aos mais velhos. Os mais velhos têm suas reivindicações; entretanto, por amor aos jovens, receberão com alegria aquilo que não lhes é tão interessante. E, quando um hino é cantado ou certa mensagem é pregada, embora pareçam não ter qualquer aplicação direta para determinado adorador, este sempre conservará em sua mente o fato de que para outro aquela mensagem é oportuna. Tudo isso constitui a essência da verdadeira adoração e exige um pouco de sacrifício. Sem isto, não existe um lar feliz; o mesmo é verdade em referência a uma igreja feliz. Uma terna consideração pelos outros, juntamente com a abnegação nela envolvida, é uma parte integral de nossa adoração pública.


NOSSA APROXIMAÇÃO A DEUS EM ADORAÇÃO
 
A mesma verdade se torna ainda mais evidente quando pensamos a respeito da adoração como nossa aproximação a Deus. Adoração significa nos aproximarmos de Deus por meio do novo e vivo caminho de Jesus Cristo. Ora, é verdade que fomos criados para Deus e que nEle vivemos, nos movemos e existimos. Também é verdade que, ao acordarmos e nos levantarmos, Ele não está distante de qualquer um de nós. No entanto, existe um tão grande envolvimento nas coisas do mundo, mesmo entre aqueles que oram e vigiam intensamente, que para nos aproximarmos de Deus com todo o coração é necessário um verdadeiro esforço.
Evidentemente, podemos ir à igreja, estar ali e jamais conhecer a realidade da adoração; pois somos capazes de nutrir pensamentos, ter sonhos e, em espírito, estar a milhares de quilômetros. Mas rejeitar calmamente pensamentos intrusos e dedicar- se à oração, louvor e leitura da Bíblia são tarefas que raramente ser ão fáceis e, para alguns, incrivelmente difíceis. Se houvesse algo que prendesse nossa atenção, isto faria toda a diferença do mundo. Em um teatro, você pode esquecer de si mesmo, absorvido pela excitação da peça. Mas a igreja do Deus vivo não é um teatro e, quando ela se torna teatral, a sua adoração desaparece, com todas as suas bênçãos. Se você quiser vaguear com seus pensamentos, pode fazê-lo sempre que desejar, pois de modo visível nada existe na igreja para prender sua atenção.
Na adoração, há somente alguns hinos, oração tranqüila e a simples leitura de uma parte das Escrituras. Você precisa fazer o esforço necessário, fechar as portas de sua mente e reservar-se; através deste esforço, vem a bem-aventurança da adoração pública de Deus. Desse modo, a adoração torna-se um festa celestial . quando trazemos nossa vontade à adoração e a consideramos algo nobre. Desse modo, a adoração torna se um dos meios da graça, em qualquer lugar populoso e agitado. Torne a adoração tão atrativa quanto desejar, mas lembre que, se ela tiver de ser lhe uma bênção, você tem de negar a si mesmo, tomar a sua cruz, trazer ofertas e entrar nos átrios de Deus.

Richard Baxter e a Pregação Reformada



Edward Done lly é ministro da Trinity Reformed Presbyterian Church, em Newtownabbey, na Irlanda; professor de Novo Testamento no Reformed Theological College (Belfast), preletor em conferências teológicas internacionais, autor de diversos artigos e livros, um deles publicado em português pela Editora PES: “Depois da morte: o que?”.




Por que Richard Baxter? A teologia dele não era completamente sã. O desejo de Baxter promover a unidade da igreja às vezes o traía, ao ponto de tentar estabelecer consenso com aqueles que se encontravam distantes da fé bíblica. Embora Richard Baxter tenha sido um controvérsia lista hábil, ele confessou: “Sinto-me bastante inclinado a dirigir palavras de controvérsia em meus escritos e propenso a provocar a pessoa contra a qual eu escrevo”. Na “época clássica da literatura evangélica”, não existem outros modelos ou exemplos mais seguros de pregação?
A resposta se encontra no valor especial de Richard Baxter para a nossa necessidade atual. Na providência de Deus, estamos vendo um renovado interesse pela fé reformada e um conseqüente aumento do número de homens que têm sido impulsionados a pregar as doutrinas da graça. Mas qualquer novo progresso pode chegar a extremos; e sempre existe o perigo de um homem, no primeiro ímpeto de entusiasmo em favor daquilo que descobriu, se tornar, em seus esforços para ser completamente reformado, uma caricatura daquilo que ele admira. É exatamente nisso que Baxter pode ajudar-nos, pois, naquilo em que ele foi vigoroso, muitos são fracos em nossos dias. Consideraremos três características da pregação de Baxter que fala à nossa situação contemporânea.

1. A Pregação de Baxter era Caracterizada por Instrução Clara e Notável.

Ele acreditava que um pregador deve argumentar com seus ouvintes. “Devemos estar munidos com todo tipo de evidência, de modo que cheguemos com uma torrente ao entendimento de nossos ouvintes; e munidos com todos os argumentos e postulações, para que envergonhe mos as suas objeções vãs e vençamos todas elas, para que eles sejam forçados a renderem-se ao poder da verdade.” Ainda que Baxter estava bem consciente das trevas da mente não-regenerada, ele sempre se preocupou em esclarecer todos os mal-entendidos possíveis e em explicar aquilo que dizia. Os sermões de Baxter tinham uma estrutura lógica: primeiro, a “introdução” do texto bíblico; em seguida, a explicação das dificuldades; depois, “as aplicações” e a exortação. Mesmo estando em meio à mais comovente argumentação, Baxter recorreria ao auxílio da razão. Após implorar com grande ternura e poder, com o propósito de “fazer Cristo e a salvação resplandecerem”, Baxter terminava enumerando nove falsos fundamentos da certeza de salvação, seguidos pelos oito testes pelos quais seus ouvintes poderiam comprovar sua própria sinceridade. Um orador erudito consideraria um desperdício o não utilizar esse “impacto emocional”, mas Baxter se propunha em deixar que a verdade causasse seu próprio impacto; e ele pregava não primariamente para mover os homens, e sim para ensiná-los.
As verdades que ele proclamava eram fundamentais. “Durante todo o nosso ministério, temos de insistir principalmente sobre as verdades primordiais, as verdades mais seguras e as verdades mais necessárias; e temos de ser mais escassos e esparsos nas demais verdades. Há muitas outras coisas que são desejáveis de conhecermos; algumas, porém, têm de ser conhecidas, pois, de outro modo, o nosso povo ficará despreparado para sempre.” Isto é muitíssimo diferente da pregação que elabora um exame superficial de algumas passagens muito usadas ou, mais habitualmente, um exame de alguns versículos das Escrituras e da pregação que descarta qualquer outra coisa como algo que não “faz parte do evangelho”. Baxter fazia uma abordagem profunda e argumentava com um conhecimento íntimo do texto bíblico. Ele apresentava as verdades fundamentais em toda a plenitude de seu inter-relacionamento, bem como em toda a plenitude de sua aplicação. Todavia, ele acreditava que a pregação deve alcançar as necessidades das pessoas; que se comete um erro quando as grandes necessidades delas deixam de ser alcançadas; e que a “questão das necessidades” deveria estar sempre à frente. As grandes verdades fundamentais eram ensinadas em linguagem simples, pois “não existe maneira melhor de fazermos uma boa causa prevalecer do que por meio de torná-la bastante clara”. Visto que o propósito do pregador é ensinar, ele tem de falar de maneira que seja entendido. Naqueles dias em que havia os provadores de sermões, Baxter era criticado pela clareza de sua linguagem e teve de lutar contra o orgulho de seu coração, que o pressionava a utilizar um estilo mais polido de linguagem. “Deus nos mandou ser tão claros quanto pudermos, a fim de que os ignorantes sejam instruídos... mas o orgulho permanece ao nosso lado e contradiz tudo, produzindo suas trivialidades e suas brincadeiras. Ele nos persuade a pintar a janela, para que a luz se torne menos brilhante.” Isto certamente nos desafia, queridos irmãos. Nós temos como alvo o oferecer exposição argumentada da verdade para o nosso povo. No entanto, em nossa preparação, pro- curamos esclarecer qualquer dificuldade possível e fornecer argumentos que convencem as mentes de nossos ouvintes? Ou temos nos tornado negligentes por causa de sua aprovação sem críticas? Nos senti- mos tão receosos de ser rotulados como “fundamentalistas”, que gastamos maior parte de nosso tempo nos cantinhos menos conhecidos das Escrituras? É possível um homem adquirir a reputação de administrador de um restaurante para gourmets reformados, produzindo raridades teológicas que são obtidas em algum lugar — enquanto muitas das ovelhas famintas de seu rebanho olham para elas e não são alimentadas. É um erro trágico concentrar-se naquilo que “desejamos conhecer” e negligenciar aquilo que “temos de conhecer”. O nosso povo realmente entende as verdades centrais a respeito das alianças de Deus, da pessoa e obra de Cristo, do pecado, da regeneração, do arrependimento e da fé? Até que os fundamentos da fé dos membros de nossa igreja não estejam firmemente estabelecidos, faremos bem se atribuirmos menos ênfase sobre a imensa estrutura doutrinária das Escrituras. Pregamos em linguagem simples? Sem dúvida, procuramos evitar expressões super-acadêmicas. É verdade que muitos dos vocábulos poderosos das Escrituras nunca podem ser omitidos de nosso vocabulário. Sem dúvida, eles têm de ser explicados e, depois, incorporados à mente e à conversa de nossos ouvintes. Apesar disso, fazemos conscientemente todo o esforço necessário para evitar os chavões hipnóticos e paralisa- dores do pensamento, a fim de apresentarmos a verdade com uma roupagem nova e contemporânea? Baxter nos convida a realizarmos um ministério de pregação no qual os fundamentos da fé são apresentados com atratividade e clareza.

2. A Pregação de Richard Baxter era Caracterizada por um Ardente Apelo Evangelístico.

A grande realidade que moldava seu ministério era o fato de que todos comparecerão diante do tribunal de Cristo. Sua extrema fraqueza física aumentava sua consciência de que havia apenas um passo entre ele mesmo e a morte, que Baxter chamava de sua “vizinha”. Todos os deveres tinham de ser cumpridos, todos os sermões deveriam ser pregados à luz daquele grande Dia. “Todos os dias, eu sei e penso que está se aproximando a hora” — dizia Baxter. Sua congregação foi descrita como “um grupo de pecadores carnais, miseráveis e ignorantes, que tinham de ser transformados ou condenados. Parece que posso vê-los entrando na condenação final! Parece que eu os escuto clamando por socorro, pelo socorro mais urgente!”
Essa consciência da eternidade tornou Baxter um pregador emocional. “Se você deseja conhecer a arte de apelar, leia Richard Baxter”, disse Charles Spurgeon. Entretanto, a emotividade de Baxter não era indisciplinada; era motivada por uma compreensão da verdade, pois ele não tinha tempo para um “fervor simulado”.“Primeiramente, a luz; depois, o calor” — este era seu moto: em primeiro lugar, a exposição da verdade; em seguida, as pungentes palavras de apelo, resultantes da verdade. No final de seu livro “Uma Chamada ao Não-Convertido, Para que se Converta e Viva” (Nota do Editor: Leia “Convite para Viver”, resumido por John Blanchard e publicado pela Editora Fiel), Baxter apelou aos seus ouvintes com uma seriedade tão amável que podemos quase ver as lágrimas em sua face. “Meu coração está perturbado em pensar como deixarei vocês, para que eu não os deixe como os encontrei, até que acordem no inferno... Hoje, entre vocês sou um pedinte tão ardoroso, por causa da salvação da alma de vocês, como se estivesse pedindo algo para satisfazer minha própria necessidade e estivesse obrigado a vir como um mendigo às portas das casas de vocês. Portanto, se vocês pretendem me ouvir, ouçam-me agora. E, se vocês querem demonstrar piedade para comigo, suplico que nesse momento tenham piedade de vocês mesmos. Ó senhores, creiam: a morte e o julgamento, o céu e o inferno se tornam outra coisa quando nos aproximamos deles, diferentes daquilo que pensávamos quando deles estávamos distantes. Quando deles se aproximarem, vocês ouvirão a mensagem que lhes estou apresentando, com corações mais despertos e atenciosos.”
O assunto central da pregação de Baxter era um urgente convite para que o ouvinte recebesse a Cristo. Richard Baxter pregava esperando um veredicto; ele procurava “levar os pecadores a perceberem que tinham de ser, inevitavelmente, convertidos ou condenados”. As palavras finais de Baxter em seu livro “Desprezando a Cristo e a Salvação” são poderosas e pungentes: “Quando Deus remover de seus corpos aquelas almas descuidadas, e você, leitor, tiver de responder, em seu próprio nome, por todos os seus pecados; então, o que você não daria por um Salvador? Quando você perceber que o mundo o abandonou, que seus companheiros de pecado iludiram a si mesmos e a você e que todos os seus dias de felicidade se acabaram; então, o que você não daria por Cristo e pela salvação que você agora não considera ser uma coisa digna de se esforçar por ela? Você que não menospreza uma pequena enfermidade, uma necessidade ou a morte natural, não, nem mesmo uma dor de dente, mas lamenta como se estivesse arruinado; como você despreza a fúria do Senhor, que arderá contra aqueles que condenam a sua graça? Agora posso reconhecer qual será a sua determinação para os dias futuros. O que você tem a dizer? Você pretende continuar desprezando a Cristo e a salvação, como o tem feito até agora, e, apesar disso, ser o mesmo homem? Espero que não.”
O gume afiado estava sempre presente nas mensagens de Baxter — uma decisão tinha de ser tomada, um veredicto precisava ser dado, e uma oferta de misericórdia, aceitada ou rejeitada.
No entanto, isso está bem longe de corresponder ao decisionismo superficial. O pregador arminiano tem receio do que a mente pode dizer ao coração, depois que terminar o culto; por isso, ele tenta compelir os ouvintes a uma decisão da vontade, antes que pensamentos posteriores deles os afastem de Cristo. Baxter não somente se mostrava corajoso em lidar com os pensamentos posteriores, mas também contava com tais pensamentos, esperando que seus ouvintes refletiriam profundamente sobre aquilo que havia sido pregado. Assim, vemos Baxter plantando bombas-relógios nas mentes de seus ouvintes, aplicações que continuariam a falar, depois que a voz de Baxter silenciasse. “Não posso acompanhá-los até suas casas, para aplicar a Palavra às necessidades diárias de vocês. Oh! que eu possa transformar a consciência de vocês em um pregador, e que ela pregue para vocês mesmos, pois está sempre acompanhando-os! Da próxima vez que forem deitar-se ou dirigirem-se ao trabalho, sem haver orado, que a consciência de vocês grite bem alto: Você não se preocupa mais com Cristo e com a salvação de sua alma? Da próxima vez que se apressarem para a prática de um pecado conhecido, que a consciência de vocês clame: A salvação e Cristo não são mais dignos, para que você os despreze ou os arrisque por causa de suas concupiscências? Da próxima vez que vocês passarem o dia do Senhor em ociosidade ou esportes vãos, que a consciência lhes diga o que estão fazendo.” Baxter tomava cada um dos aspectos da vida e os arregimentava como um pregador, de modo que os pecadores ficassem cercados por um ambiente em que cada parte declarasse as reivindicações divinas.
Quer com justiça, quer não, em muitos lugares os pregadores reformados têm uma reputação de serem restritos e impessoais em suas mensagens. Isso pode ser uma reação contra os excessos de nossa época, contra o zelo sem discernimento, o calor sem a luz, a sã doutrina sem o bom senso. Não tem sido esta uma reação excessiva? Nós, que vemos Deus em todos os aspectos de nossa vida, poderíamos ser mais profundamente impressionados pela realidade das coisas eternas. Compreendendo a miséria da depravação humana e a maravilha da graça soberana, deveríamos nos sentir profundamente comovidos, quando essa verdade nos envolvesse. A evolução de nossa mente atrofiou de tal modo nosso coração, que nos leva a suspeitar das emoções autênticas? Hesitamos em pregar com insistência o evangelho aos homens, por medo de sermos considerados arminianos? Um pregador reformado pode considerar os cinco pontos do calvinismo como um campo minado pelo qual ele anda na ponta dos pés; e isto pode levá-lo a sentir-se tão temeroso de explodir em meio a uma expressão mal-utilizada, que ele não chega a almejar a conversão de seus ouvintes. O poder e o impacto de um sermão se perdem no emprego de milhares de termos qualificativos utilizados na mensagem. Nossa pregação será uma caricatura, se faltar um apelo sincero para que os homens recebam o Cristo todo-suficiente, que se oferece livremente a todos os que vierem a Ele. As verdades do calvinismo não são barreiras que têm de ser ultrapassadas, antes que o evangelho seja pregado; antes, elas são uma plataforma da qual pregamos com mais poder. É exatamente porque a graça é soberana e livre, que podemos proclamá-la com mais paixão; porque a redenção adquirida por Cristo é completa e certa, podemos recomendá-la com muito brilho; porque Deus, de acordo com sua própria vontade, escolheu alguns homens para a salvação, podemos pregar confiantemente. Se os pastores reformados têm de permanecer em harmonia com as Escrituras, temos de gravar esse elemento da pregação de Baxter.

3. A Pregação de Baxter era Acompanhada por Aconselhamento Pastoral Sistemático.

Ele não fazia qualquer divisão, como a que existe hoje, entre pregação e trabalho pastoral, pois ele entendeu o que Paulo quis dizer, quando recordou aos crentes de Éfeso, que lhes havia ensinado “publicamente e de casa em casa”. A tarefa do pastor é uma só — a mesma verdade comunicada ao mesmo povo, tendo o mesmo propósito: a glória de Deus, por meio da salvação ou da condenação. Talvez nisto Baxter se mostre mais útil aos pastores de nossos dias — em estabelecer uma forte ligação entre o púlpito e o pastorado.
Baxter esperava que conversões resultassem de sua pregação. Ele aconselhou seus colegas de ministério: “Se vocês não desejam ardentemente ver a conversão e a edificação de seus ouvintes, se não pregam nem estudam com esta esperança, provavelmente vocês não obterão muito sucesso”. Baxter dependia completamente do Senhor para obter sucesso em sua pregação; ele atacava com todo o vigor a abominável atitude de um pregador utilizar a soberania de Deus, em conceder ou não a salvação, como uma desculpa para a negligência. O pregador tem de desejar muito a conversão de seus ouvintes e encher-se de tristeza se eles não responderem ao convite do evangelho. “Sei que um pastor fiel pode consolar-se, quando lhe falta sucesso... mas o pastor que não empenha- se por ser bem sucedido em seu trabalho não pode ter qualquer consolo, porque não é um trabalhador fiel.”
Esse desejo intenso por resultados levou Baxter a visitar as casas de seus ouvintes e fazer a obra de catequização pessoal. Ele procurava descobrir quanto os seus ouvintes haviam entendido da pregação, que efeito a pregação tivera sobre eles e se haviam ou não recebido a oferta de misericórdia por meio do evangelho. A semente que ele havia plantado precisava de cultivo posterior? As ervas daninhas precisavam ser arrancadas daquele solo? Essas perguntas poderiam ser respondidas somente através da conversa pessoal. A princípio, Baxter esquivou-se da obra — “Muitos de nós temos uma vergonha tola que nos faz recuar em começar a obra com os ouvintes e conversar claramente com eles”. Mas, à medida que ele ganhou experiência, esse aconselhamento pastoral se tornou “a obra mais confortável, exceto a pregação pública, na qual eu já coloquei minhas mãos a realizarem”. Devemos ressaltar que foi a seriedade de Baxter como pregador que o tornou um pastor tão diligente. Sua visitação aos lares serviu-lhe de instrumento para explicar e aplicar posteriormente aquilo que havia dito no púlpito. Na verdade, ele descobriu que as pessoas não receberiam a sua pregação com a devida seriedade, a menos que ela fosse reforçada por uma abordagem pessoal e achegada.
Em uma passagem clássica de seu livro O Pastor Aprovado, Baxter disse: “Os seus ouvintes lhe darão oportunidade de pregar contra os pecados que eles cometem, assim como clamar do púlpito em favor da piedade, se você não os confrontar depois, ou em contato pessoal posterior for favorável ou demasiadamente amigável com eles... Eles consideram o púlpito como um palco, um lugar onde os pregadores têm de apresentar-se e realizar o seu papel; onde você tem a liberdade de falar, durante quase uma hora, sobre o que você escreveu em seu esboço; e o que você pregou eles não levam em
consideração, se não lhes mostrar, por falar-lhes face a face, que você estava pregando com seriedade e realmente pretendia dizer o que pregou em sua mensagem”. A obra pastoral de Baxter não somente reforçava o que ele havia pregado, mas também o ajudava a pregar com mais pungência e relevância no futuro. “Conversar uma hora ou mais com um pecador ignorante e obstinado lhe fornecerá, tão bem quanto uma hora de estudo no escritório, assuntos úteis a serem apresentados em seus sermões; pois você saberá sobre que assunto precisa insistir e quais objeções desses pecadores você terá de repelir.” Baxter conheceu o seu povo — a personalidade, os problemas, as tentações, a maneira de viver deles. Ele se assentava onde eles se assentavam; assim foi capacitado a pregar sermões elaborados para as necessidades particulares deles. Para um homem ser um verdadeiro pregador, ele tem de ser um verdadeiro pastor. Temos de reconhecer a centralidade da pregação, mas será que não utilizamos isso como desculpa para a covardia e a indiferença pastoral? O fato de que pregamos publicamente contra os pecados dos homens nos absolve da responsabilidade de confrontá-los, em seus lares, a respeito dos mesmos pecados? Somos chamados para ser estudantes diligentes, para trabalhar na Palavra, para estar em nosso lugar secreto. No entanto, o estudo pode se tornar um refúgio conveniente para fugirmos da realidade, e podemos facilmente por meio da leitura de mais um livro tranqüilizar nossa consciência no que diz respeito a uma visita não realizada. Muitos de nós temos descoberto, para nossa vergonha, que a coragem com que temos pregado pode evaporar-se durante o trajeto até à porta da casa da pessoa para a qual estamos nos dirigindo, a fim de visitá-la. Havendo trovejado, com ousadia, contra o pecado, nos encontramos procurando conciliar-nos, por meio de um sorriso e de um aperto de mãos, com aquelas mesmas pessoas cujas consciências estávamos procurando ferir; “estamos procurando ser amigos e nos alegrarmos com eles”; estamos preferindo que Deus fique irado com eles, ao invés de eles ficarem irados conosco.
Na tentativa de ressaltarmos a importância da pregação, é possível reagirmos de maneira errônea, por minimizarmos a obra pessoal. O aconselhamento pessoal não pode ser um substituto para a Palavra pregada, mas, como um instrumento de reforçar e aplicar a Palavra à consciência do indivíduo, o aconselhamento pastoral cumpre uma função singular. Além disso, serve também para nos tornar pregadores melhores, e não piores. Quando visitamos de casa em casa, a neblina de nosso estudo será desfeita e voltaremos a fim de preparar sermões de acordo com a vida e na linguagem do povo.
Este foi Richard Bartex de Kidderminster, um pregador que trabalhou muito para tornar clara a verdade de Deus, que falava com um coração ardente, enquanto apelava ao seu povo que se aproximasse de Cristo; um pastor que conhecia suas ovelhas por nome, que falava com elas pessoalmente a respeito das grandes preocupações de sua alma. Richard Baxter não é simplesmente uma curiosidade histórica, um fóssil para ser admirado; ele é um estímulo, uma reprovação, um encorajamento. Em suas Meditações Sobre a Morte, Baxter revela o coração do pregador: “Meu Senhor, não tenho nada a fazer neste mundo, exceto buscar-Te e servir-Te; não tenho nada a fazer com o coração e suas afeições, exceto amar-Te intimamente; não tenho nada a fazer com os lábios e com a caneta, exceto falar sobre Ti, a favor de Ti, e publicar a tua glória e a tua vontade”.

______________________________________
Fonte: Ed. Fiel  -  http://www.editorafiel.com.br/artigos_detalhes.php?id=69