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sexta-feira, 27 de março de 2009

REDESCOBRINDO A JOIA PERDIDA QUE É A ADORAÇÃO VERDADEIRA



REDESCOBRINDO A JÓIA PERDIDA

Valdeci dos Santos

Em alguns lugares a verdadeira adoração tem sido há muito uma jóia perdida na igreja. Mas essa preciosidade não precisa continuar perdida. Redescobri-la, porém, pode ser mais difícil do que parece. Como nos lembra James M. Boice, "o desastre que tem tomado a igreja em nossos dias, com respeito à adoração, não será curado de um dia para o outro”. Há, porém, certos passos básicos que contribuirão para o sucesso final do nosso esforço neste sentido.
Primeiro, é mister que se entenda o que estamos perdendo com uma adoração distorcida. Segundo as Escrituras, o que perdemos não é uma congregação numerosa, nem uma cerimônia mais elaborada, mas a presença do próprio Deus em nossa adoração (Isaías 1.15). A presença de Deus na adoração é uma das maiores bênçãos do povo cristão (II Crônocas 5.13-14). É neste contexto da presença divina na adoração que o salmista declara: "A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo!" (Salmo 84.2). E ainda: "Um dia nos teus átrios vale mais que mil, prefiro estar à porta da casa do meu Deus, a permanecer nas tendas da perversidade" (v. 10). É sempre importante lembrar que após a manifestação da graça, esta bênção assumiu dimensões maiores e "pelo novo e vivo caminho" que Jesus nos consagrou, somos exortados a nos aproximar da presença do Senhor com "sincero coração e plena certeza de fé" (Hebreus 10.19-22). Como dizia John Owen, "na primeira entrega da lei, na instituição legal da adoração, as pessoas foram instruídas a guardar certa distância." Sob o pacto da graça, "a adoração é o nosso acesso, o nosso aproximar de Deus sem nenhum véu”. O escritor de Hebreus diz que no ato da adoração chegamos à cidade do Deus vivo (Hebreus 12.22).
Assim, a maior perda envolvida em uma adoração distorcida é a presença do Adorado. Esta perda resulta em outras, segundo as Escrituras. Por exemplo, perdendo a presença de Deus na adoração perdemos, além de outras coisas, a plenitude de alegria (Salmo 16.11), o socorro divino (II Crônicas 20.21-22) e o elemento eficiente no testemunho evangelístico de que Deus está em nosso meio (I Corintios 14.25). Além do mais, quando esta perda ocorre, há o sentimento constante da reprovação divina sobre nossos atos de culto (Isaías 1.11-15). O só meditar nestas coisas deveria levar-nos a um profundo lamento (I Samuel 4.21-22).
Em segundo lugar, a tentativa de redescobrir a jóia perdida implica em uma volta aos princípios teocêntricos da adoração bíblica. Paul Basden nos lembra que "a adoração que é digna de seu nome deve ser Teocêntrica”.Nesta mesma linha de raciocínio, Manson afirma que "no coração da adoração cristã está o próprio Deus”. Este aspecto teocêntrico na adoração pode ser resumido em dois sub-tópicos claramente ensinados nas Escrituras:

1) É a glória divina que requer nossa adoração, e,
2) É a vontade divina que normatiza nossa adoração.

Com relação ao primeiro aspecto, Edmund Clowney corretamente afirma que "nem religião nem adoração podem ser definidas à parte de Deus, pois a adoração é a resposta da criatura à glória revelada do Criador”. Idolatria é deixar de glorificar a Deus e mudar "a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível" (Romanos 1.21 e 23). Logo, a fim de redescobrirmos a verdadeira adoração cristã é imprescindível que tenhamos em mente os meios pelos quais Deus revela sua glória a nós. Neste sentido, as Escrituras primeiramente afirmam que "os céus proclamam a glória de Deus" (Salmo 19.1). Um simples trovão manifesta o seu poder (Salmo 29.3) e desde o princípio do mundo pode-se reconhecer sua divindade, poder e sabedoria por meio das coisas criadas (Atos 14.15-17; 17.24-28 e Romanos 1.20-21). Além do mais, Deus manifesta sua glória através de seus muitos nomes registrados nas Escrituras. Ele é o Altíssimo (Salmo 83.18), o Deus que vê (Gênesis 16.13), um escudo (Salmo 84.11), o Senhor dos Exércitos (I Samuel 4.4), etc. Como diz Clowney, "os nomes de Deus são símbolos para adoração”.
O Senhor também manifesta sua glória através de seus atos salvadores. Em resposta à libertação do povo hebreu do cativeiro egípcio, a nação adorou ao Senhor (Êxodo 15). E em forma de canto, a história da salvação divina era passada às novas gerações em diferentes ocasiões (Salmo 105). No Novo Testamento, a glória divina é maravilhosamente demonstrada na "grande salvação" que ele nos proporciona em Cristo Jesus (Hebreus 2.3). Mas a glória divina é supremamente manifesta na revelação de sua graça em Jesus (João 1.14-18). Neste contexto da graça revelada, à medida que contemplamos, "como por espelho, a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória, na sua própria imagem, como pelo Senhor, o Espírito" (II Corintios 3.18). Cada um desses meios de manifestação da glória divina é um convite aberto à verdadeira adoração.
Os princípios teocêntricos da adoração cristã nos ensinam que a vontade divina normatiza a verdadeira adoração. Com este princípio em mente, os puritanos enfatizaram que em adoração, assim como em doutrina, a igreja não pode ultrapassar a verdade de Deus revelada nas Escrituras. É interessante observar que no Antigo Testamento Israel não foi proibido de adquirir métodos agrícolas ou arquitetônicos dos cananeus, mas houve explícita proibição de que copiasse qualquer aspecto da adoração pagã (Deuteronômio 12.30-32). Com base neste fato, Clowney observa que "a igreja tem autoridade para estabelecer a ordem da adoração (I Corintios 14.40), mas não tem a liberdade de introduzir novos elementos além dos que Deus tem ordenado”. Neste sentido Boice sugere que adorá-lo em "Espírito e em verdade" está relacionado com: 1) um profundo exercício de sinceridade, 2) uma aproximação baseada na revelação bíblica, e 3) uma aproximação cristocêntrica. Em outras palavras, temos que sempre lembrar que Deus nos convida à adoração nos seus termos, não nos nossos.
Outro meio que temos para redescobrir a verdadeira adoração é olhar para os santos do passado. A urgência desta atividade encontra-se em acusações como a de Robert Webber de que a adoração cristã "curvou-se à cultura ao invés de ter-se mantido fiel às tradições bíblica e histórica”. Como nossa intenção neste artigo não é cobrir variados períodos da história da igreja, nos deteremos no puritanismo inglês do século XVII desde que há um consenso geral de que o mesmo deu "forte ênfase na pureza da adoração bíblica e política eclesiástica”. Leland Ryken nos lembra que o "nome puritano refere se primeiramente ao desejo de purificar a Igreja da Inglaterra dos vestígios católicos na adoração e na forma de governo da igreja”. De acordo com J. I. Packer, os puritanos apresentavam-se para a adoração pública como que apresentando-se ao próprio Deus. É certo que eles tiveram algumas divergências internas neste tópico, mas mesmo tais divergências não os fizeram perder de vista o essencial na adoração.
Desde que a adoração no Puritanismo era vista como uma aproximação a Deus, toda a liturgia era formulada visando edificação (I Corintios 14.26). Como resultado, o culto puritano era caracterizado por dois princípios: simplicidade e biblicidade. Referindo-se à simplicidade no culto puritano, diz Ryken: "O culto puritano como um todo era marcado pelo esforço em despojar-se do supérfluo e concentrar-se no essencial, o que evidenciava o ideal de edificação”. Naquele contexto, a exposição bíblica era a mais solene e exaltada atividade, sendo também o teste supremo do ministro. Assim, a simplicidade era para eles uma proteção contra as vaidades da alma, e as Escrituras, uma proteção contra as distorções fantasiosas. Com respeito à ordem do culto, Alan Clifford afirma que no culto puritano a pregação, o conteúdo das orações, o cântico dos Salmos e a guarda do domingo constituíam elementos de distinção especial na época. Além do mais, porque na adoração o cristão não apenas busca a Deus, mas também o encontra, a adoração era vista pelos puritanos como um meio de graça, onde o faminto é alimentado. John Owen evidencia este ponto ao dizer que na adoração, Cristo "toma os adoradores pelas mãos e os conduz à presença de Deus; e apresentando-os lá ele diz: ‘Eis-me aqui, e os filhos que Deus me deu”. Tal abordagem da adoração cristã sempre deveria nos motivar e instruir.
Finalmente, uma redescoberta da verdadeira adoração inclui a aplicação do amor cristão para solucionar divergências secundárias. O refomador Calvino entendeu que nesta matéria, como em vários outros assuntos importantes para a igreja cristã, há aspectos primários e aspectos secundários. Quanto aos aspectos primários da adoração, ou seja, aqueles que dizem respeito à retidão do cristão, à majestade de Deus, e qualquer outro assunto necessário à salvação, "somente o Mestre deve ser ouvido”. Em aspectos secundários, ou seja, assuntos que não são necessários à salvação e costumes de diferentes povos e gerações, não deveria haver imposição de mudanças, por causas insuficientes. Assim ele conclui dizendo que o "amor julgará melhor entre o que danifica e o que edifica; e se deixarmos o amor ser o nosso guia, tudo estará salvo”. Outro exemplo deste mesmo princípio vem de John Owen em seu tratado sobre divisões entre cristãos. Naquela obra Owen confessa: "Eu preferiria gastar todo o meu tempo e meus dias curando as feridas e divisões entre os cristãos do que gastar uma hora procurando justificá-las". Tais ilustrações de sabedoria são não apenas bem-vindas, mas urgentemente necessárias em nossa discussão sobre adoração.

Conclusão

Nesta nossa reflexão sobre adoração e culto cristão temos procurado mostrar que o assunto é essencialmente espiritual e digno de nossa atenção especial. Por sua natureza espiritual, a verdadeira adoração só é possível quando impulsionada pela obra do Espírito Santo dentro de nós (João 4.23-24). Além do mais, os passos a serem tomados para uma redescoberta da verdadeira adoração são exercícios altamente espirituais e contradizem profundamente nossa natureza e impulsos carnais. Mas a verdadeira adoração sempre exaltará Cristo (Apocalipse 5.12), transformará o adorador (II Corintios 3.18-19), convencerá o incrédulo da presença do adorado entre os adoradores (I Corintios 14.24-25) e invocará o "amém" de cada um dos servos de Deus. Ainda, a verdadeira adoração nos capacita para o testemunho e o serviço diário na seara do Mestre. Como diz Armstrong: "Não estamos no negócio de construir mosteiros evangélicos, mas congregações que servirão o verdadeiro Deus como resultado direto da adoração”.
Finalmente, temos que admitir que, de acordo com as Escrituras e a história cristã, adorar a Deus corretamente exige tempo e humildade. Preparação é essencial. Examinar nossas intenções e avaliar nossas ações devem ser exercícios constantes em nossa vida de adoradores (Salmos 66.18 e 131). Além do mais, nosso coração deve ser continuamente guardado contra o egocentrismo a fim de que possamos dizer: "Não a nós, Senhor, não a nós, mas ao teu nome dá glória" (Salmo 115.1). É somente adorando o Senhor de modo verdadeiro que seremos encontrados por ele e, como disse Richard Baxter: "Se é a Deus que você está buscando em sua adoração, você não ficará satisfeito sem Deus".


FONTE: http://www.thirdmill.org/files/portuguese/20851~9_19_01_10-25-36_AM~refletindo_sobre_a_adoracao.htm