É escritor de muitos artigos e apostilas, nos quais sustenta uma convicção fundamentalista bíblica, que ele sempre manifesta nas assembléias da CBESP.
POR QUE SOU FUNDAMENTALISTA BÍBLICO
Introdução
É preocupante a maneira como as pessoas usam e abusam do termo evangélico. Consideram evangélicos todo aquele que diz: "Senhor, Senhor!" (Mt 7.21). Mas o termo já está tão desgastado e deturpado como o outrora honroso título de "cristão". O mundo do Oriente erradamente considera todos os ocidentais como cristãos. Mas não podemos rejeitar o termo "cristão" somente porque ele é usado distorcidamente por crentes professos. Ele é nosso por direito, pois nos foi dado pejorativamente, quando os oponentes do cristianismo o rejeitavam. Hoje todos, que se dizem cristãos, aceitam o uso do termo.
Mas os verdadeiros cristãos são aqueles que seguem a Cristo e seus ensinamentos expostos na Bíblia Sagrada, sem nada omitir ou acrescentar à Escritura. Então os cristãos professos deveriam rejeitar o termo, porque eles não são seguidores de Cristo.
Entretanto para não ser confundido com um cristão professo, prefiro identificar-me como um Cristão Fundamentalista Bíblico. Os cristãos liberais detestam o termo Fundamentalista Bíblico, por considerarem anti-social, anti-intelectual e radical.
O Fundamentalismo não está em alta ultimamente, por causa da importância que a imprensa tem dado ao termo para se referir aos fundamentalistas islâmicos. A idéia que se tem de um fundamentalista, é de um fanático, ultrapassado, radical, inflexível e ignorante. Portanto os cristãos professos não gostam se ser enquadrado nesses termos.
Não me importo se ser classificado de fanático radical, e não tenho receio de usar o termo. Identificar-se como Fundamentalista Bíblico hoje, é expor-se como ignorante, separatista e ultrapassado, mas é também demonstração de coragem e amor à causa da verdade.
Este termo é de grande significância histórica para os verdadeiros cristãos, que defendem e praticam a verdadeira fé cristã. Precisamos declarar a pleno pulmões: Não somos protestantes, não somos evangélicos; somos Cristãos Fundamentalistas Bíblicos!
O Surgimento do Liberalismo Teológico
O Dicionário Aurélio define Evangélico como "Relativo ou pertencente a certos grupos religiosos, não ligados ao protestantismo histórico, que afirmam seguir os Evangelhos com especial rigor e fidelidade." De acordo com esta definição, qualquer grupo, que, originalmente, não faça parte do protestantismo histórico é considerado evangélico, porque são seguidores do evangelho.
Mas nos séculos XVII e XVIII a Igreja Evangélica foi infectada por várias formas de incredulidade. O deísmo inglês, o naturalismo francês, e o racionalismo alemão começaram a invadir gradualmente a igreja professa, particularmente seus institutos de ensino. Durante o papado de Pio X muitos professores foram expulsos das universidades católicas porque rejeitavam a autoridade da Escritura e da Igreja Católica. O papa Pio X passou a chamá-los de "modernistas". O liberalismo moderno atravessou o Atlântico, infectando colégios e seminários teológicos vinculados a igrejas, nos Estados Unidos da América.
A partir daí, os protestantes passaram também a empregar o termo modernistas àqueles que rejeitavam a Bíblia e a autoridade da Escritura e defendiam a supremacia da razão humana sobre a revelação bíblica. A teologia liberal dos modernistas mudou a autoridade da Bíblia para a experiência humana (razão e opinião) e para os sentimentos humanos. Passaram a defender a imanência divina em detrimento de sua transcendência divina para ensinar que Deus habita dentro do mundo e não à parte ou acima do mundo, levando à uma noção de panteísmo e à paternidade universal de Deus, com um conceito de fraternidade universal entre os homens e um universalismo teológico, valorizando, assim, as religiões pagãs.
O Liberalismo Teológico, por defender a existência inata de uma bondade humana, trouxe um otimismo humanístico, servindo de base ao progresso social, ao estado ético da perfeição humana, dando apoio filosófico à teoria da evolução e apoio político ao socialismo marxista.
Na verdade o liberalismo surgiu no Éden, quando Satanás levantou a dúvida: "É assim que Deus disse...?" O liberalismo tem produzido um evangelho social, acerca do qual podemos mencionar três resultantes:
(1) uma falsa ciência: a teoria da evolução,
(2) uma falsa filosofia: o marxismo,
As Diversas Fases do Fundamentalismo
George Dollar divide o Fundamentalismo em três períodos:
Entretanto para facilitar o exame sobre o Fundamentalismo Bíblico, aceitaremos sua classificação em quatro fases distintas, as quais veremos a seguir.
Inicialmente o Fundamentalismo defendia apenas três pontos fundamentais, que às vezes, eram descritos como "os três R": a Ruína do homem no pecado; a Redenção através do sangue de Cristo; e a Regeneração pela ação sobrenatural do Espírito Santo.
Como já vimos quem primeiro usou o termo foi Curtis Lee Laws, Editor do jornal batista Watchman Examiner, de Nova York. No mesmo ano, em 1920, o batista John Roach Straton deu ao seu jornal o nome de O Fundamentalista. Consideravam-se Fundamentalistas aqueles que se opunham às doutrinas do Liberalismo [ou modernismo] teológico, e embora o termo Fundamentalismo ainda não houvesse sido cunhado, seu espírito podia ser visto entre aqueles que defendiam os fundamentos da fé fora das igrejas e dentro das denominações. Desde 1878 os Batistas e Independentes premilenistas clamavam contra o modernismo. Então em 1919 fundaram a Associação Mundial dos Fundamentos Cristãos, tendo William B. Riley como presidente. Essa Associação passou a fazer conferências bíblicas, apresentando os Cinco Pontos do Fundamentalismo que incluía:
(2) Nascimento Virginal de Cristo: cremos que Jesus foi gerado pelo Espirito Santo;
(3) Expiação Vicária de Cristo: cremos que Cristo morreu pelos pecadores;
(4) Ressurreição Corpórea e Segunda Vinda Premilenista de Cristo: cremos que Cristo está vivo e voltará;
(5) Historicidade dos Milagres: cremos em todos os milagres relatados na Bíblia.
Em 1923 Machen, um líder presbiteriano, em seu livro Christianity and Liberalism, chamou a nova religião naturalista de Liberalismo, mas posteriormente seguiu a moda mais popular, chamando-a de Modernismo.
As maiores batalhas eclesiásticas ocorriam nas denominações Presbiteriana do Norte e Batista do Norte nos EUA. Em 1921 os batistas criaram a Federação Nacional dos Fundamentalistas dos Batistas do Norte e a Associação Fundamentalista e em
Embora o Fundamentalismo inicial tenha sido divulgado através do Cinco Fundamentos, é um erro pensar que apenas estes cinco pontos faziam parte do Fundamentalismo. De
Esta obra teve sua origem entre pessoas das escolas bíblicas e eclesiásticos independentes, associados, mais tarde, com o Instituto Bíblico de Los Angeles e Instituto Bíblico Moody. Seus autores iniciais eram batistas, presbiterianos, anglicanos e outros independentes, dos EUA, da Inglaterra, Escócia e Canadá.
Os oitenta e três artigos abrangiam os seguintes temas: (1) uma declaração e defesa apologética das principais doutrinas cristãs (ex. Deus, a revelação, a encarnação, a ressurreição, o Espírito Santo, a inspiração); (2) uma defesa da Bíblia contra a alta Crítica alemã; (3) uma crítica a movimentos considerados não-cristãos (ex. filosofia moderna, ateísmo, romanismo, eddyismo, mormonismo, racionalismo, darwinismo [que deu origem ao Processo de Scopes em 1925], espiritismo, socialismo); (4) uma ênfase dada à evangelização e às missões; (5) vida piedosa como demonstração prática de defesa da verdadeira fé.
George Marsden faz o seguinte comentário sobre este fato:
Além do separatismo esses "novos" fundamentalistas defendiam o cristianismo verdadeiro, baseado numa interpretação literal da Bíblia. George Dollar dá a seguinte definição ao Fundamentalismo:
De
A partir de 1940 os Fundamentalistas começaram a se dividir. Nesta divisão havia aqueles que, voluntariamente, mantinham o uso do termo, por continuarem a defender as doutrinas fundamentais da fé. Do outro lado havia aqueles que passaram a rejeitar o termo por considerá-lo indesejável, por entender que o termo carrega conotações de "divisão", "intolerância", "tolice" e atitude "anti-intelectual", despreocupado com os problemas sociais.
Este segundo grupo queria reconquistar a comunhão com os protestantes das grandes denominações do norte, presbiterianos, batistas, metodistas e episcopais. Este grupo passou a ser chamado de "evangelicals" ou "evangélicos". A partir de 1948 alguns passaram a ser chamados de "neo-evangélicos".
A partir daí o termo Fundamentalismo passou a representar um significativo contraste, não somente contra o Liberalismo ou Modernismo, mas contra o Evangelicismo ou neo-evangelismo.
O contraste entre Fundamentalistas e neo-evangélicos foi institucionalizado pelo surgimento de organizações. Os Fundamentalistas fundaram em 1941 o Concílio Americano de Igrejas Cristãs, de caráter separatista. Os neo-evangélicos, em 1942, fundaram a Associação Nacional de Evangélicos, que aceitava todos os protestantes e todas as denominações. O termo Fundamentalista continuou sendo usado pelas igrejas que compunham o Concílio Americano de Igrejas Cristãs e por diversas igrejas sulistas e independentes não incluídas no grupo. O Instituto Bíblico Moody e o Seminário Teológico de Dallas, usavam o termo com orgulho. O Concílio Internacional das Igrejas Cristãs, fundado em 1948, procurou dar ao termo aceitação mundial, em oposição ao Conselho Mundial de Igrejas.
Os Fundamentalistas e Neo-Evangélicos, de
Na América do Norte e na Inglaterra, aqueles que não eram nem fundamentalistas nem evangélicos, tendiam a considerar os dois grupos como fundamentalistas. Este engano continua existindo hoje, pois muitos acreditam que ser evangélico em sentido geral é ser fundamentalista no sentido bíblico, o que não é a verdade. Esta noção equivocada surge porque alguns grupos americanos, dizendo-se fundamentalistas, defendem uma atitude não separatista, de caráter ecumênico entre as denominações. Mas os fundamentalistas bíblicos se destacam por sua atitude de separação: "...saí do meio deles, e apartai-vos..." (2 Co 6.17) e ...sai dela, povo meu" (Ap 18.4).
Embora os neo-evangélicos se considerem fundamentalistas bíblicos, a história demonstra que de fato não são.
O neo-evangelismo tem sempre apoiado os cinco fundamentos, com exceção do dispensacionalismo. Até mesmo os idólatras romanistas e os sabatistas legalistas concordam com os cinco fundamentos. Todos os demônios também crêem! É certo que os cinco fundamentos são indispensáveis, mas estão longe de serem suficientes. Assim os Neo-Evangélicos, que não são como os fundamentalistas da antiga linha, que defendiam muito mais do que apenas os cinco fundamentos, se declaram fundamentalistas somente porque aceitam os cincos pontos do Fundamentalismo. Ao invés de admitirem que não são fundamentalistas bíblicos, como aqueles da antiga linha, e admitirem que têm repudiado o Fundamento Bíblico, eles têm feito concessões e transigências contrárias à Palavra de Deus. Eles estão tentando redefinir o Fundamentalismo de modo que o mesmo se ajuste às suas condições e na tentativa de adaptar o Fundamentalismo às suas crenças, eles têm afirmado que o Fundamentalismo Histórico não passou de uma mera exaltação dos "cinco fundamentos".
O surgimento do Evangelicismo e do Neo-Evangelismo é a prova de que o Fundamentalismo foi além de apenas defender os cinco pontos fundamentais. A separação entre fundamentalistas e neo-evangélicos é prova incontestável de que havia diferenças gritantes entre esses dois grupos. Até mesmo antes de 1930 o Fundamentalismo não foi conformista, mas depois desta data o Fundamentalismo tornou-se ainda mais separatista. O Dr. Cloud citando John Ashbrook informa que este autor definiu o Fundamentalismo como:
levando a uma atitude de separação escriturística daqueles que as rejeitam (Ashbrook, John, Axioms of Separation, nd, p.10.).
Hoje aqueles que negam o guerrear contra o erro e o separar-se, características do Fundamentalismo Histórico e Bíblico, estão tentando reescrever a história, isto é, falsificá-la, a fim de tornar o movimento evangélico ecumênico aceitável, até mesmo por aqueles que, hoje, se declaram fundamentalistas.
A história, no entanto, mostra que a nota chave do Neo-evangelismo foi o repúdio ao separatismo e a outros aspectos considerados negativos da antiga linha do Fundamentalismo. Na sua história do Seminário Teológico Fuller, Reforming Fundamentalism, o historiador George M. Marsden torna claro que os antigos líderes do Fuller estavam conscientemente recusando os aspectos "negativos" da antiga linha do Fundamentalismo Histórico. O próprio título do livro de Marsden é evidência do caráter do Fundamentalismo Histórico, de estar
Marion Reynolds, diretor da FEA - Fundamental Evangelistic Association,
Ao replicar à acusação de Jack van Impe, Marion disse que os líderes fundamentalistas de hoje têm abandonado suas heranças e que o Fundamentalismo de antigamente foi, não apenas confrontar ou guerrear contra o erro, mas sim, e muito mais, uma afirmação positiva das doutrinas centrais do Cristianismo.
Reynolds diz que:
o Evangelicismo, que tomou uma posição intermediária, de traiçoeiro acomodamento
e colaborismo. Alegando que, doutrinariamente, apega-se à posição fundamentalista, o Evangelicismo advogou uma posição mais positiva e uma comunhão mais aberta. Um ponto principal, naquele tempo, como hoje, gira em torno da questão de como tratar os irmãos que andam desordenadamente, e se constitui desordem ou não para um irmão, o permanecer em comunhão com aqueles que negam os fundamentos da fé. Os verdadeiros fundamentalistas crêem que todos os irmãos que têm comunhão com falsos mestres também são igualmente desobedientes e também estão caminhando desordenadamente. Portanto, o mandamento de Deus para nos separarmos de tais irmãos desobedientes não é menos importante para ser obedecido do que o mandamento de Deus para nos separarmos dos falsos mestres (M.H. Reynolds Jr. Heart Diseasein Christ's Body: Fundamentalism... Is It Sidetracked? [Doença Cardíaca no Corpo de Cristo: Fundamentalismo... Está ele posto de lado, num desvio sem saída?] Los Osos, Fundamental Evangelistic Association, nd.).
verbalmente inspirada.
2. Crê que tudo que a Bíblia diz, assim é.
3. Julga todas as coisas pela Bíblia e somente dela aceita julgamento.
4. Afirma as verdades fundamentais da fé cristã histórica: a doutrina da trindade, a encarnação, o nascimento por uma virgem, a expiação substitutória [sic], a ressurreição corporal em glória, a ascensão, a segunda vinda do Senhor Jesus Cristo, o novo nascimento através da regeneração pelo Espírito Santo, a ressurreição dos santos para a vida eterna, a ressurreição dos perdidos para o julgamento final e a condenação eterna e consciente, a comunhão dos santos, os
quais são o corpo de Cristo.
5. Pratica fidelidade àquela fé e empenha-se por pregá-la a toda criatura.
6. Expõe e se separa de toda negação eclesiástica àquela fé, acomodação com o erro e apostasia da verdade.
7. Ardentemente guerreia pela fé que, de uma vez para sempre, foi entregue aos santos (CLOUD, David W. Way of Life Literature, 1701 Harns Rd, Oak Harbor, WA 98277, [http://wayoflife.org/~dcloud].).
O Fundamentalismo Bíblico tem tomado uma grande variedade de formas. Como um Movimento, tem sido largamente interdenominacional, mas muitas igrejas separatistas e independentes, tais como as igrejas conhecidas como Batistas Independentes e Igrejas Bíblicas Independentes, têm aceito o nome de fundamentalista. Apesar desta variedade, no entanto, uma das principais marcas características do Fundamentalismo – sua própria essência – sempre tem sido o guerrear pela fé [o corpo de doutrina] da palavra de Deus. Qualquer crente que não seja verdadeiramente guerreador no seu posicionar-se pela verdade não tem nenhum direito de herdar nem usar o nome de Fundamentalista Bíblico.
Weniger escreveu para combater a falácia de que os fundamentalistas se preocupam apenas com os cinco fundamentos: Como afluente presbiteriano da luta contra o modernismo, o Fundamentalismo talvez tenha a ver somente com os cinco fundamentos... Mas a corrente principal do fundamentalismo, mais especificamente os Batistas de todas as faixas, os quais de longe representam a grande maioria dos fundamentalistas, nunca aceitou somente os cinco fundamentos. A World's Christian Fundamentals Association [Associação Fundamentalista Cristã Mundial], fundada em 1919, tinha pelo menos uma dúzia de doutrinas cristãs ressaltadas. O mesmo é verdade quanto à Fundamental Baptist Fellowship [Comunhão dos Batistas Fundamentalistas], originada em 1920. Um verdadeiro fundamentalista sob nenhuma circunstância restringiria sua posição doutrinária aos cinco fundamentos. Mesmo o Dr. Carl F. H. Henry, um teólogo neo-evangélico, listou pelo menos várias dúzias de doutrinas essenciais à fé. A única vantagem de reduzir a fé a cinco fundamentos é fazer possível uma mais larga inclusão de religionistas [sic], que podem estar muitíssimo afastados em heresias em outras doutrinas específicas. É muito mais fácil ter um grande número de adeptos, quando nos acomodamos ao mais baixo denominador comum em doutrina (G. Archer Weniger, in Calvary Contender, 15 de abril de 1994.). O Dr. David W Cloud,
Em tudo procuram encontrar a si próprios em acordo com a autoridade do Novo Testamento, inclusive quanto às ordenanças e a eclesiologia. Rastreiam sua herança não através da Igreja Católica romana via Reforma, mas através das igrejas Neotestamentárias que foram perseguidas por Roma através da Idade das Trevas. Não dão a mínima importância às tradições, exceto aquelas deixadas pelos apóstolos no Novo Testamento.
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