O QUE SIGNIFICA PRESBITERIANISMO?
A palavra “presbiteriano" não designa apenas o adepto de uma forma particular de governo eclesiástico. Portanto, “sistema presbiteriano" não é apenas o código de leis que regem determinada organização religiosa.
A doutrina da soberania de Deus é a idéia fundamental do sistema presbiteriano. Soberania de Deus significa o controle absoluto de tudo quanto existe, exercido por Deus. O Espírito de Deus, onipotente, onipresente, onisciente, eterno e supremo, governa todas as coisas visíveis e invisíveis, e as governa para fins sábios, santos e justos; fins estes conhecidos cabalmente por Deus apenas. Temos a seguir alguns princípios doutrinários do Presbiterianismo:
1. O princípio central da soberania de Deus decorre de fé e prática. A primeira coisa que deve verificar quem pesquisa a verdade religiosa é se Deus — que é a verdade eterna — realmente falou orientando os homens em matéria de fé e de conduta.
Todos os cristãos afirmam que Deus falou aos homens e que essa revelação se acha entesourada na Bíblia. Mas, embora todos os que se dizem cristãos aceitem a Bíblia como Palavra de Deus, nem todos a consideram regra única de fé e prática.
2. Direito de associação denominacional — A aceitação da Palavra de Deus escrita como regra infalível de fé e prática nos coloca diante do seguinte problema: que relação existe entre o indivíduo e a interpretação da Palavra de Deus? Que relação têm com a Bíblia os cristãos organizados em diferentes denominações?
Os padrões presbiterianos respondem ã primeira pergunta com o princípio de que a soberania de Deus decorre de que somente Deus é Senhor da consciência; é a Deus, Senhor Supremo, que cada homem tem de prestar contas. Visto que Deus é soberano, sua Palavra é a regra suprema de fé e prática, e cada indivíduo tem o direito de interpretá-la pessoalmente, de acordo com os próprios princípios que ela encerra.
ASPECTOS PRINCIPAIS DO SISTEMA PFIESBITERIANO
Após as considerações anteriores, é natural que verifiquemos quais os aspectos capitais do sistema que estudamos. As linhas mestras do estudo serão as de todas as religiões: Teologia, Dever, Culto e Governo.
1. Teologia — É fundamental, no presbiterianismo, o seu sistema teológico: exposição do que devemos crer acerca de Deus e das suas relações com os homens.
2. Dever— Entre as doutrinas essenciais do regime presbiteriano estão aquelas que determinam o dever do homem. Na determinação das leis que regem a conduta humana não há som confuso em nossos padrões. Princípios e preceitos morais são neles apresentados com a mais absoluta clareza. As principais doutrinas sobre o dever são as que se referem à livre agência do homem, à lei de Deus, ao pecado, à fé em Cristo, às boas obras, a liberdade cristã, aos votos e juramentos legais, a magistratura civil, ao casamento, ao divórcio e ao juízo final. Também essas doutrinas se conjugam em ordem lógica com o princípio fundamental da soberania de Deus. Da soberania divina decorrem as seguintes verdades:
a) A livre agência do homem e um elemento preordenado em sua personalidade e implica a sua responsabilidade perante Deus;
b) A Lei Moral, como se encontra nos dez mandamentos e de modo amplificado no Novo Testamento, continua em vigor, e os homens lhe devem inteiro respeito e obediência;
c) Tudo o que, no ser humano, se opuser a lei divina, seja em pensamento, em palavra ou em obra, e pecado;
d) A fé em Cristo é um dever de todos aqueles que ouvem e conhecem o Evangelho;
e) Homem algum tem o direito de sobrecarregar a consciência de outros homens com distinções morais que não estejam em harmonia com a Palavra de Deus;
f) Os cristãos devem provar, com uma vida piedosa e reta, as verdades doutrinárias que professam;
g) Boas obras constituem a prova de que o cristão já pertence à família de Deus, mas não servem de base nem de recurso para a salvação do pecador;
h) O homem não pode comprometer-se, em hipótese alguma, a fazer o que não seja reto;
i) Devemos cultivar grande reverência pelo nome de Deus;
j) O Estado, tanto quanto a Igreja, é instituição divina;
k) A obediência à autoridade civil legítima equivale à obediência devida a Deus;
3) Culto — O culto ocupa lugar de eminência na igreja cristã, tanto no que se refere a pessoas como a lugares e formas. Poderíamos definir culto como um movimento da alma humana para Deus, em nome de Jesus Cristo, no qual se adoram as perfeições divinas, exalta-se a bondade de Deus, imploram-se bênçãos celestiais como o perdão dos pecados.
As doutrinas principais dos padrões presbiterianos, com referência ao culto, são:
a) somente Deus deve ser adorado;
b) deve ser adorado pela mediação de Cristo apenas;
c) Deus aceita o culto quando tributado em espírito e em verdade, sob a direção do Espírito Santo;
d) somente no culto verdadeiro pode O pecado ser perdoado e obtido O favor divino;
e) no Evangelho, parte alguma do culto religioso aparece subordinada a este ou aquele lugar;
f) dentre os sete dias da semana, Deus separou um para o descanso, devendo esse dia ser inteiramente consagrado a Deus;
g) os princípios gerais do culto estão expostos na Bíblia.
4) Governo — Em seus aspectos essenciais, o governo da igreja não é matéria de expediente ou competência humana. A igreja foi estabelecida por Deus, na terra, com a finalidade de preservar, manter e difundir a sua verdade. A igreja deve ser, ao mesmo tempo, a coluna e o alicerce da verdade. Tendo origem divina, a natureza e os aspectos gerais da igreja estão claramente indicados na Palavra de Deus. As principais doutrinas presbiterianas sobre a igreja e sua forma de governo são:
a) Jesus Cristo e o chefe da igreja;
b) Todos os crentes devem estar unidos entre si e ligados diretamente a Cristo, assim como os diversos membros de um corpo, que se subordinam à direção da Cabeça;
c) Jesus Cristo mesmo determinou a natureza do governo de sua igreja;
d) Todos os crentes, como membros do corpo de Cristo, têm o direito de participar das atividades da igreja;
e) A igreja tem autoridade para exercer disciplina sobre os faltosos e para exercer o governo;
f) Os cristãos têm o direito de livre associação em denominações que prescrevam as condições de admissão em seu seio;
g) As igrejas podem preservar a união espiritual e doutrinária dos cristãos sendo, ao mesmo tempo, independentes administrativamente.
A soberania de Deus determina a ordem e a forma de apresentação dessas doutrinas. Do princípio Fundamental do presbiterianismo — a soberania de Deus — procedem, logicamente, as verdades seguintes:
a) Cristo é a única cabeça da igreja e, portanto, todos os cristãos que a ele estão unidos são membros da igreja ideal, invisível, que existe no céu e na terra, composta de todos os eleitos;
b) Todas as pessoas que professam a verdadeira religião são membros da igreja visível e universal existente na terra;
c) Todo o poder da igreja e declarativo e ministerial: ministerial quando a igreja age em lugar de Cristo e declarativo quando interpreta os ensinos de Cristo contidos nas Sagradas Escrituras;
d) Os termos de admissão de membros devem ser de acordo com o que está estatuído na Palavra de Deus;
e) Somente devem ser nomeados na igreja oficiais permanentes nos casos que a Bíblia indicar;
f) Os ministros, como representantes de Cristo, são irmãos e iguais uns aos outros em autoridade;
g) O povo de Deus tem o direito de participar do governo da igreja;
h) A igreja possui o poder de excluir os crentes faltosos e de regular a conduta de seus membros;
i) Como a igreja e composta, não de unidades desconexas e independentes, mas de partes unidas umas às outras, como porções de um todo, verdadeiros membros de um corpo, tem ela o direito de regular e de inspecionar todas as suas partes componentes, sejam membros da comunidade eclesiástica, sejam congregações particulares;
j) A existência de denominações não fere os preceitos bíblicos e não destrói a verdadeira unidade da igreja, desde que cada uma delas cumpra fielmente a missão que foi imposta por Deus; e,
k) Finalmente, o Estado não tem poder algum sobre a igreja.
No Presbiterianismo é adotado a forma de governo por oficiais, conforme prescrito na Bíblia, são eles:
• Presbítero Docente (Pastor)
• Presbíteros Regentes
• Diáconos (Responsáveis pelo arrecadamento de ofertas para ajudar aos necessitados)
A HISTORIA DO PRESBITERIANISMO COMO DENOMINAÇÃO
Historicamente, a Igreja Presbiteriana começou no século 16, com o Reformador João Calvino. A função de João Calvino dentro da reforma protestante, foi sistematizar a doutrina bíblica. Por ter formação universitária de jurista e teólogo, bem como por sua maneira de ser e por sua orientação humanista, foi o grande sistematizador das idéias da Reforma. Desde sua conversão ao protestantismo, em 1532, sentiu a necessidade de dar expressão doutrinária às idéias suscitadas pela leitura da Bíblia. A partir de Calvino foi Organizada a primeira Igreja Reformada na Suíça, em Genebra, outras surgiram pela Europa. Assim foi formada a Igreja Reformada da França, a Igreja Reformada da Holanda, a Igreja Reformada da Alemanha. Na Escócia, um padre e professor da Universidade de Santo André, em Glasgow, chamado João Knox, aderiu às idéias da Reforma e, tendo de exilar-se em Genebra, ali entrou em contato com Calvino, a quem muito admirou. Conquistado de alma e coração pelas doutrinas e métodos desse Reformador, quando voltou à sua terra escreveu um Livro de Disciplina, inspirado no calvinismo, que só tornou o regulamento do protestantismo escocês. É a João Knox e a seu sucessor, André Melville, que se deve principalmente o sistema presbiteriano de governo por ministros e leigos, numa série do concílios, em ordem ascendente, desde o Conselho local (governo da comunidade), Presbitérios (concílios regionais) e Assembléia Geral (sínodo nacional). Até aqui podemos ver as bases do presbiterianismo de então. Tendo como sitematizador o reformador João Calvino e posteriormente João Knox, onde nasceu propriamente dito a denominação Presbiteriana, como hoje se ver.
No Brasil o Presbiterianismo surgiu com o missionário Ashbel Green Simonton (1833-1867), que aqui chegou em 1859. Dentro do presbiterianismo no Brasil existe ramificações denominacionais, são elas:
• Igreja Presbiteriana do Brasil (1859)
• Igreja Presbiteriana Independente (1903)
• Igreja Presbiteriana Conservadora(1940)
• Igreja Presbiteriana Fundamentalista(1956)
• Igreja Presbiteriana Renovada do Brasil(1968)
Hoje o Presbiterianismo no Brasil tem 150 anos de existência, para honra e glória do Bom Deus.
Bibliografia:
*O Sistema Presbiteriano, Roberts W. H, Ed. Cultura Cristã - 3ª edição 2003.
*O OFÍCIO DE PRESBÍTERO, MARTINS F. Ed Presbiteriana
*Teologia Sistemática, Berkhof Louís, Ed. Cultura Cristã
“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”, I Cor 3. 11.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
O PRESBITERIANISMO
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