Michael Horton
Há muito tempo, o nome evangélico
identificava aqueles que eram comprometidos não somente com o
cristianismo histórico, mas também com a doutrina da justificação
somente pela graça por meio da fé somente em Cristo. Em nossos dias,
porém, isso pode não ser verdade. Cada vez mais, a erudição evangélica é
desafiada por tendências nos estudos bíblicos (em especial, a Nova
Perspectiva sobre Paulo) para abandonarem o entendimento da justificação
sustentado pela Reforma. Reconciliações recentes (como a Declaração
Conjunta de Luteranos e Católicos Romanos e "Evangélicos e Católicos
Juntos") têm revisado e relativizado esta doutrina fundamental. 1
Admiravelmente,
em um novo livro que contém ensaios sobre a justificação escritos por
protestantes de igrejas históricas (luteranos e reformados) e por
católicos romanos, os protestantes rejeitam a doutrina da Reforma (por
apelarem à Nova Perspectiva sobre Paulo), ao passo que Joseph
Fitzmeyer, proeminente erudito católico romano de Novo Testamento,
demonstra a exatidão técnica da exegese da Reforma quanto às passagens
importantes. Mark Noll, o grande erudito evangélico, em seu livro Is The Reformation Over? (A Reforma Acabou?) parece falar em nome de muitos protestantes conservadores quando responde sim.
O
criticismo franco da doutrina da justificação conforme definida em
nossas confissões e catecismos reformados se tornou comum até em igrejas
conservadoras. Embora as cortes eclesiásticas destas denominações irmãs
tenham exibido solidariedade estimulante em sustentar a posição
confessional e instaurar processo contra os ministros que se opõem a
ela, é trágico que controvérsias sobre esta doutrina cardeal surjam em
nossos círculos.
A maioria das pessoas nas igrejas não estão
familiarizadas com a doutrina da justificação. Frequentemente, ela não é
uma parte da dieta de pregação e da vida da igreja, nem um tema
predominante na subcultura cristã. Ou com rigor austero, ou com boas
sugestões para o viver melhor, "fundamentalistas" e "progressistas"
sufocam, igualmente, o evangelho em moralismo, por meio de exortações
constantes à transformação social e/ou pessoal que mantém as ovelhas
olhando para si mesmas e não para fora de si mesmas, para Cristo. Mesmo
em muitas igrejas formalmente comprometidas com o ensino da Reforma,
pessoas podem achar a doutrina da justificação na parte de trás de seu
hinário (na seção de confissões), mas ela é levada realmente a sério no
ensino, na pregação, na adoração e na vida da congregação? Em média, o
artigo de destaque mais publicado em revistas ou em best-sellers
cristãos diz respeito a "boas obras" - tendências em espiritualidade,
ativismo social, crescimento de igreja e discipulado. No entanto, é
muitíssimo claro que a justificação permanece fora de cogitação. Quando a
justificação não é abertamente rejeitada, ela é frequentemente
ignorada. Talvez o perdão de pecados e a justificação são apropriados
para "ser salvo", mas depois vem a essência do negócio - o viver
cristão, como se pudesse haver qualquer santidade de vida genuína que
não resulte de uma confiança perpétua em que "agora... nenhuma
condenação há para os que estão em Cristo Jesus" (Rm 8.1).
É
impossível especificarmos todas as razões para tal atitude em relação a
esta doutrina que constitui o âmago do próprio evangelho. No entanto,
neste artigo comentarei duas das principais fontes.
Cultura Cristã como Moralismo de Autoajuda
Embora
os reformadores tenham dito isso de maneiras diferentes, foi o teólogo
reformado J. H. Alsted que, no início do século XVII, identificou a
doutrina da justificação como o "artigo pelo qual a igreja se mantém de
pé ou cai". Contudo, no século seguinte, denominações protestantes que
haviam selado esta confissão com o sangue de mártires foram
sujeitando-a, gradualmente, a várias formas de moralismo que
predominavam na época do Iluminismo - e, em muitos casos, piores do que
as distorções que haviam provocado a Reforma. Até nos círculos
pietistas, onde a fé vital em Cristo era preservada, a balança se
inclinou cada vez mais em favor de obediência e piedade subjetivas, e,
assim, a justificação foi subordinada à santificação.
Quando o
arminianismo ganhou forças, um novo legalismo (identificado pelos
círculos reformados como "neo-nomianismo") entrou nas igrejas
comprometido formalmente com a doutrina evangélica e produziu uma
suspeita da pregação de eleição e justificação como motivações para o
"antinomianismo". Depois de ler a obra A Serious Call to a Devout and Holy Life
(Uma Chamada Solene a uma Vida Piedosa e Santa), de William Law, John
Wesley se convenceu de que o calvinismo remanescente na Igreja da
Inglaterra impedia um avivamento genuíno da piedade interior e o
discipulado comprometido. Embora Wesley viesse, por fim, a abraçar a
doutrina da justificação, ele ficou preocupado com que a justificação
levaria à licenciosidade, se não fosse subordinada à santificação.
Nas
colônias americanas, o Grande Despertamento, sob a liderança de
Jonathan Edwards e George Whitefield, proclamaram as boas novas da graça
justificadora de Deus em Cristo. Entretanto, na época do Segundo Grande
Despertamento, uma teologia contrária se tornou a teologia operante de
muitos grupos protestantes na nova república. A igreja é uma sociedade
de reformadores morais, disse o seu principal evangelista, Charles
Finney. Se o calvinismo era verdade, como poderia haver qualquer
transformação genuína da sociedade?
Os críticos de Finney o
acusaram de pelagianismo - a antiga heresia que ensinava, em essência,
que não nascemos inerentemente pecaminosos e que somos salvos por seguir
o exemplo moral de Cristo. Indo além dos erros da Igreja de Roma, a Teologia Sistemática
de Finney negava explicitamente o pecado original e insistia em que o
poder da regeneração está nas mãos do próprio pecador, rejeitava
qualquer noção de uma expiação vicária, em favor da influência moral e
de teorias de governo morais, e considerava a doutrina da justificação
pela justiça imputada como "impossível e absurda". 2
No
que diz respeito ao complexo de doutrinas que ele associava com o
calvinismo (incluindo o pecado original, a expiação vicária, a
justificação e o caráter sobrenatural do novo nascimento), Finney
concluiu: "Nenhuma doutrina é mais perigosa do que esta para a
prosperidade da igreja, e nada é mais absurdo". "Um avivamento não é um
milagre", ele declarou. De fato, "Não há nada na religião que esteja
além dos poderes comuns da natureza". 3
Ache os métodos mais proveitosos ("estímulos", ele os chamou), e haverá
conversão. "Um avivamento declinará e cessará", Finney alertou, "se os cristãos não forem frequentemente reconvertidos". 4
No final de seu ministério, quando Finney considerou a situação de
muitos que haviam experimentado seus avivamentos, ele temia que a fome
interminável por experiências cada vez maiores pudesse levar à exaustão
espiritual. 5
De fato, suas preocupações eram justificáveis. A região em que
predominaram os avivamentos de Finney é agora referida pelo
historiadores como o "distrito queimado", um canteiro tanto de desilusão
como de proliferação de várias seitas. 6
Desde então, o evangelicalismo tem se caracterizado por uma sucessão de
movimentos entusiastas aclamados como "avivamentos", que se extinguem
tão rapidamente quanto se espalham. Paulo poderia dizer hoje sobre o
protestantismo americano o que ele disse sobre os seus irmãos segundo a
carne:
Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando
estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus. Porque o
fim da lei é Cristo, para justiça de todo aquele que crê (Rm 10.3-4).
Há
duas religiões, disse Paulo: "a justiça decorrente das obras" e "a
justiça decorrente da fé". Enquanto a primeira segue fervorosamente seus
esquemas de autossalvação, como que tentando trazer Cristo para baixo
ou levantando-o dentre os mortos, a segunda apenas recebe a palavra de
Cristo e descansa somente nela (vv. 5-8). "Como, porém, invocarão aquele
em quem não creram? E como crerão naquele de quem nada ouviram? E como
ouvirão, se não há quem pregue?... E, assim, a fé vem pela pregação, e a
pregação, pela palavra de Cristo" (vv. 14, 17).
Não parece
incorreto considerar as alegações teológicas de Finney como pelagianas. E
sua influência permanece conosco hoje, tanto no protestantismo
ecumênico como no evangélico. Dietrich Bonhoeffer viu isto claramente em
sua visita aos Estados Unidos, ao descrever o cristianismo americano
como "protestantismo sem a Reforma". 7
Em vez da influência de um testemunho verdadeiramente evangélico, foi a
propagação rápida do avivalismo arminiano, especialmente no próspero
Oeste, que se mostrou mais eficaz em produzir "resultados". A doutrina
em geral, e o calvinismo em específico, impediu o surgimento de uma
América cristã. "Obras e não credos" têm uma linhagem extensa na
história do movimento.
Em geral, os americanos são o tipo de
pessoas "prospere por seus próprios esforços". Isto é o que, em parte,
justifica a enorme validade dos negócios e da indústria americana. Mas
também se tornou uma religião. Aqueles que saíram da miséria para a
riqueza dificilmente aceitarão o fato de que, pelo menos diante de Deus,
eram pecadores desamparados que precisavam ser resgatados.
No
contexto contemporâneo, o protestantismo americano, da esquerda ou da
direita, está comprometido com o legado de Finney, quer saiba, quer não.
Isso pode ser reconhecido no "evangelho social" da esquerda e nas
lamentações moralistas da direita; no pragmatismo de "como" do movimento
de crescimento de igreja e na vasta literatura e pregação de autoajuda
que se tornou a dieta da subcultura cristã; e na obsessão terapêutica
por espiritualidade interior e ativismo social que pode ser vista no
movimento Igreja Emergente. Mesmo quando o evangelho é formalmente
afirmado, ele se torna um instrumento para motivar a vida pessoal e
pública (salvação por obras), e não um anúncio de que a ira justa de
Deus foi satisfeita e de que seu favor imerecido foi dado gratuitamente
em Jesus Cristo.
Digo tudo isto com profunda tristeza por ter de
dizê-lo, porque é a pior coisa que pode ser dita sobre uma igreja. Paulo
falou severamente com os coríntios por causa de sua imoralidade, mas
nunca questionou se eles eram realmente uma igreja. Mas, quando a igreja
da Galácia estava confundindo o evangelho da justificação gratuita de
Deus por meio da fé, Paulo os advertiu de que estavam em risco de serem
excluídos - excomungados, "anátemas".
E a preocupação que
expressei não se limita a alguns poucos calvinistas e luteranos
petulantes. De acordo com o bispo William Willimon, da Igreja Metodista
Unida, "a autossalvação é o alvo de muito da nossa pregação". 8
Willimon percebe que muito da pregação contemporânea presume que a
conversão é algo que nós produzimos por meio de nossas próprias palavras
e ordenanças. "Neste respeito, somos herdeiros de Charles G. Finney", o
qual pensávamos que a conversão não é um milagre, e sim um "resultado
puramente filosófico [ou seja, científico] do uso correto dos meios
constituídos".
Esquecemos que houve um tempo em que os
evangelistas eram obrigados a defender suas "novas medidas" de
avivamentos, que houve um tempo em que os pregadores tinham de defender
sua preocupação com a reação dos ouvintes aos seus detratores
calvinistas, os quais pensavam que o evangelho era mais importante do
que seus ouvintes. Estou aqui argumentando que avivamentos são
miraculosos, que o evangelho é tão estranho, tão contrário às nossas
inclinações naturais e às enfatuações de nossa cultura, que nada menos
do que um milagre é exigido a fim de que haja um verdadeiro ouvir. Minha
posição é, portanto, mais próxima da posição do calvinista Jonathan
Edwards do que da posição de Finney. 9
Apesar
disso, "o futuro homilético, infelizmente, está com Finney e não com
Edwards", levando ao guru de marketing evangélico George Barna, que
escreve:
Jesus Cristo era um especialista em comunicação. Ele
comunicou sua mensagem em diversas maneiras e com resultados que seria
um crédito para as agências modernas de marketing e propaganda. Ele
promoveu seu produto da maneira mais eficiente possível: por comunicá-lo
com as "melhores perspectivas"... Ele entendia completamente o seu
produto, desenvolveu um incomparável sistema de distribuição, fomentou
um método de promoção que penetrou cada continente e ofereceu seu
produto a um preço que está ao alcance de todo consumidor (sem tornar o
produto tão acessível a ponto de perder seu valor). 10
A
pergunta que surge naturalmente diante de tais observações é esta: É
possível dizer que Jesus fez alguma coisa nova? "Infelizmente", diz
Willimon, "a maioria da pregação evangelística que conheço é um esforço
para aprofundar pessoas cada vez mais em sua subjetividade, e não uma
tentativa de resgatá-las de tal subjetividade". 11
Nossa verdadeira necessidade, sintamos ou não, é que distorcemos
sistematicamente e ignoramos a verdade. Esta é a razão por que
precisamos de "uma palavra externa". 12
"Portanto, em um sentido, não descobrimos o evangelho; ele nos
descobre. 'Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo contrário, eu
vos escolhi a vós outros' (Jo 15.16)." 13 "A história é euangelion, boas
novas, porque ela é a respeito da graça. Mas é também novas porque não é
conhecimento comum, não é o que nove entre dez americanos já sabem. O
evangelho não vem naturalmente. Ele vem como Jesus." 14
A
fé e a prática evangélica proclamadas nas Escrituras é sempre não
natural para nós. Nascidos em pecado, corrompidos em nós mesmos, supomos
instintivamente que somos pessoas boas que poderiam ser melhores, se
tivéssemos um bom plano, ambiente e exemplos. Quando visitamos pessoas
em seu leito de morte, ficamos desconcertados quando encontramos velhos
membros de igrejas de confissão reformada expressando sua esperança de
terem sido suficientemente bons para que Deus os aceite. Nascemos
pelagianos, confiando em nós mesmos e não em Deus; e esta é a nossa
condição padrão mesmo como cristãos. Essa é a razão por que nunca
admitimos o evangelho; ele tem de ser a dieta principal não somente para
o começo da peregrinação cristã, mas também para o meio e para o fim.
Quando as coisas se deterioram em nossa fé pessoal ou coletiva, a
direção é sempre a mesma: caímos de novo na justiça de obras.
Períodos
de vitalidade e saúde genuínas são sempre a consequência de
redescobrirmos o evangelho da graça; épocas de declínio estão sempre
associados com o eclipse do evangelho de um resgate totalmente divino,
na pessoa e obra de Jesus Cristo. Visto que Satanás perdeu a guerra no
Gólgota e no sepulcro, ele tem voltado os seus ataques para a fé dos
crentes no evangelho e para o progresso do evangelho até aos confins da
terra. Ele conhece o nosso ponto fraco e o explora. Se não pode destruir
a igreja por perseguição, Satanás a enfraquecerá por meio de heresia. E
o "pelagianismo" - a autossalvação em todas as suas formas - é seu
melhor best-seller.
Depois de realizar, com sua equipe,
inúmeros estudos nos últimos anos, o sociólogo Christian Smith, da
Universidade da Carolina do Norte, concluiu que a religião da juventude
americana pode ser caracterizada como "deísmo moralista e terapêutico".
Quando o entrevistamos recentemente para o ministério White Horse Inn e para a revista Modern Reformation, ele disse que não há nenhuma diferença entre os que não frequentam a igreja e os jovens criados em igrejas evangélicas hoje.
Quem Precisa da Justificação?
Deus
justifica o ímpio. Isso é muito radical. É mais radical do que a
afirmação de que Deus cura o moralmente enfermo e dá graça àqueles que
estão dispostos a cooperar para isso ou que ele recompensa aqueles que
tentam fazer o seu melhor. Nem precisamos negar abertamente a
justificação. Ela é relevante apenas quando paramos de fazer a pergunta
mais importante. Você tem problemas no casamento e com os filhos? Com
certeza. Não vive de acordo com suas expectativas? Todos não vivem assim
também? Não está conseguindo o máximo da vida e precisa de algum
conselho legal? Sou todo ouvidos. Mas não nos importamos com o fato de
que somos "pecadores nas mãos de um Deus irado", se nunca nos deparamos
com um Deus santo. E, se não sentimos uma grande necessidade, não
clamamos por um grande Salvador.
Os católicos romanos e os protestantes costumavam debater sobre como
os nascidos em pecado original são salvos pela graça. No entanto, essas
categorias teológicas estão sendo substituídas, entre os divisores
católico/protestante e liberal/evangélico, por categorias terapêuticas,
pragmáticas e consumistas que parecem tornar irrelevante o próprio
discurso sobre o evangelho. A pergunta "Como posso ser aceito por um
Deus santo?" é substituída por uma busca por autorrealização,
autorrespeito, autoestima e esforço próprio. E há abundância de
pregadores que fomentarão o nosso narcisismo, tratando de nossa ferida
como se não fosse tão grave e dizendo-nos como podemos ter nossa melhor
vida agora mesmo.
A justificação se torna um símbolo vazio quando
Deus não é mais um problema para a humanidade, e sim um ícone
controlável ou de uma transcendência irrelevante ou de uma fonte
imanente e proveitosa de bem-estar terapêutico e causas morais. Não
sendo mais perdidos, agora somos mais semelhantes a vítimas
disfuncionais, mas bem intencionadas, que apenas precisam de
"capacitação" e melhores instruções. Nossa experiência é remota daquela
dos israelitas reunidos ao pé do monte Sinai, quando ouviram a terrível
voz de Deus e imploraram por um mediador.
Quando a santidade de Deus é obscurecida, a condição pecaminosa do homem é ajustada, primeiramente, ao nível de pecados
- ou seja, a atos ou hábitos específicos que exigem repreensão e
melhora. Cansados de intimidações que realmente trivializam a condição
pecaminosa, a próxima geração adota uma abordagem mais positiva,
oferecendo "dicas para viver" que tornarão a vida mais feliz, mais
saudável e mais realizadora. Por fim, a dimensão vertical é quase
perdida. O que torna o pecado pecaminoso é o fato de que ele é,
antes de tudo, uma ofensa contra Deus (Sl 51.3-5). Todavia, o resultado
dessa mentalidade que obscurece a santidade de Deus, é que não é mais
concebível que Deus tenha se tornado carne para sofrer a sua própria
ira. O propósito da cruz é levar-nos ao arrependimento por mostrar-nos
quanto Deus nos ama (a teoria de influência moral da expiação), para
demonstrar a justiça de Deus (a teoria de governo moral) ou para
libertar os oprimidos de estruturas sociais injustas (Christus Victor). Mas uma coisa que a cruz não pode ser é o meio pelo qual somos "justificados por seu [de Cristo] sangue", "somos por ele salvos da ira" (Rm 5.9).
De
fato, o teólogo luterano George Lindbeck explorou recentemente a
relação inseparável entre a justificação e a expiação, concluindo que,
mesmo onde aquela é formalmente afirmada, a ampla falta de interesse em
nossa rejeição franca da linguagem tradicional da expiação deixa-a sem
especificidade suficiente. Pelo menos na prática, a visão de salvação de
Abelardo, a salvação por seguir o exemplo de Cristo (e a cruz como a
demonstração do amor de Deus que motiva o arrependimento) agora parece
ter uma distinção clara em relação à teoria de satisfação de Anselmo
sobre a expiação. "A expiação não está no topo das agendas
contemporâneas de católicos ou de protestantes", Lindbeck conjectura.
"Mais especificamente, as versões penal e vicária da teoria de
satisfação de Anselmo que predominaram entre o povo durante centenas de
anos estão desaparecendo. 15 Isso é tão verdadeiro para os protestantes evangélicos quanto para os protestantes liberais. 16
Aqueles que continuaram a usar a linguagem sola fide
presumiam estar em concordância com os reformadores, não importando
quanto; mas, sob a influência do pietismo e do avivalismo norteado por
conversões, eles transformaram a fé que salva em uma boa obra meritória
do livre-arbítrio, uma decisão voluntária de crer que Cristo sofreu a
punição do pecado na cruz em meu favor, em favor de cada pessoa
individualmente. Embora pareça muito improvável, devido à metáfora
usada na Bíblia (e à passagem joanina da qual ela vem), todos são,
portanto, capazes de "nascer de novo", se apenas tentarem o máximo que
puderem. Assim, com a perda do entendimento da Reforma quanto à fé que
justifica como um dom do próprio Deus, a teoria de expiação sustentada
por Anselmo se tornou culturalmente associada com uma justiça própria
que era tanto moral quanto religiosa e, por conseguinte, era mais
ofensiva, seus críticos pensavam, do que a justiça própria basicamente
moral dos liberais abelardianos. Avançando em nossa história: os
liberais cessaram progressivamente de ser abelardianos. 17
"Nossa
cultura terapêutica de sentir-nos cada vez melhor é contrária à
pregação da cruz" e nossa "sociedade consumista" fez da doutrina um
pária. 18
"Uma característica mais desconcertante deste desenvolvimento, que tem
afetado igrejas professamente confessionais, é o silêncio a seu
respeito. Tem havido poucos protestos audíveis." 19
Até teologias mais contemporâneas a respeito da cruz promovem o padrão
de Jesus como Modelo, mas a própria justificação é raramente descrita em
harmonia com o padrão da Reforma, mesmo por evangélicos conservadores,
Lindbeck sugere. A maioria deles, como já indicamos, são conversionistas
apegados a versões arminianas da ordo salutis, que estão muito mais distantes da teologia da Reforma do que esteve o Concílio de Trento. 20 "Onde a cruz estava, agora há um vácuo." 21 Hoje, o evangelicalismo parece mais com Erasmo do que com Lutero.
A Justificação Promove a Paixão pela Renovação Genuína
Hoje,
um número cada vez maior de teólogos e líderes evangélicos repetem a
acusação de Pelágio contra Agostinho, de Roma contra os reformadores e
do liberalismo protestante contra o evangelicalismo, ou seja, nas
palavras de Albert Schweitzer: "Não há lugar para ética na doutrina da
justificação sustentada pela Reforma". Seguindo teólogos evangélicos
como Stanley Grenz, Brian McLaren e outros líderes da "Igreja Emergente"
desafiam explicitamente sola fide como um obstáculo ao
principal ponto do cristianismo: seguir o exemplo de Jesus. Embora o
viver autêntico traga valor ao evangelho, o seguir o exemplo de Jesus
está se tornando cada vez mais o evangelho.
A
observação de G. C. Berkouwer ainda é relevante em nossos próprios dias,
quando ele escreveu que "o problema da renovação de vida é atrair a
atenção dos moralistas".
Entre inúmeras forças caóticas e
desmoralizantes, está ressoando, como pela última vez, o clamor por
ajuda e ensino, pela reorganização de um mundo desordenado. A terapia
prescrita talvez varie, a chamada por rearmamento moral e espiritual é
uniformemente insistente... Estas são as questões que temos de
responder. Pois, implícita nelas, está a intenção de destruir a conexão
entre a justificação e a santificação, bem como o vínculo entre a fé e a
santificação. 22
Paulo
relaciona tudo, inclusive a santificação, os problemas de ética e
harmonia eclesiástica, à cruz e à ressurreição de Cristo.
Outro
dia, um pastor me contou que alguns de seus colegas expressaram a
preocupação de que pregar muito a graça, especialmente a justificação,
era perigoso - se não fosse logo acompanhada por advertências à
obediência. Conhecendo bem este pastor, fiquei surpreso com o fato de
que estivessem apontando para ele esta preocupação. Afinal de contas,
ele é correto em sua teologia. Afirma e prega o terceiro uso da lei
(como um guia para a obediência cristã). Às vezes, esquecemos que Paulo
foi acusado de ser antinomiano - ou seja, de convidar as pessoas a pecar
para que a graça fosse mais abundante. Mas, em vez de evitar a doutrina
da justificação (Rm 3-5) que ele sabia haveria de provocar essa questão
de novo, o apóstolo explicou como o evangelho é a resposta para a
tirania do pecado, bem como da sua condenação (Rm 6). O evangelho da
justificação gratuita é a fonte de santificação genuína e não seu
inimigo. No entanto, isso é contrário ao que o nosso senso comum
sugeriria. É a lógica do evangelho e não a lógica de justiça de obras.
Como
uma cultura nativa, o evangelicalismo americano é ativista. Somos
acostumados a ser produtores e consumidores, mas não recebedores - pelo
menos, pecadores desamparados e ímpios que têm de reconhecer que sua
salvação é um dom gratuito, independente de sua decisão e esforço (Rm
9.16). Obcecados com o que acontece conosco, a espiritualidade
evangélica tem por muito tempo - pelo menos na prática - obscurecido as
boas novas daquilo que aconteceu de uma vez por todas fora de nós. A
justificação pode ser relevante para evitar a ira de Deus (pelo menos
onde ela ainda é afirmada), mas ela é realmente tão importante para a
vida cristã? Não seria mais proveitoso e prático aprender passos que
conduzem à vitória sobre o pecado em nossa vida e nossa cultura?
No livro Revisioning Evangelical Theology
(Revisando a Teologia Evangélica), Stanley Grenz argumenta que o
evangelicalismo é mais uma "espiritualidade" do que uma "teologia", mais
interessado na piedade individual do que em credos, confissões e
liturgias. 23 A experiência dá origem a - na verdade, ele diz, "determina" - doutrina, e não vice-versa. 24
O principal ponto da Bíblia é como as histórias podem ser usadas no
viver diário - por isso, a ênfase em devoções diárias. "Embora alguns
evangélicos pertençam a tradições eclesiásticas que entendem, em algum
sentido, a igreja como um despenseiro de graça, em geral vemos nossas
congregações principalmente como uma comunhão crentes." 25 Compartilhamos nossas jornadas (nosso "testemunho") de transformação pessoal. 26
Portanto, "uma mudança fundamental de autoconsciência pode estar em
andamento" no evangelicalismo, "uma mudança de identidade baseada em
credo para uma identidade baseada em espiritualidade" que é mais
semelhante ao misticismo medieval do que à ortodoxia protestante. 27 Consequentemente, a espiritualidade é interior e quietista", 28 preocupada com combater "a natureza inferior e o mundo", 29 por meio de "um compromisso pessoal que se torna o foco crucial das afeições do crente". 30
Portanto, a origem da fé não é atribuída a um evangelho externo, mas
surge de uma experiência interior. "Visto que a espiritualidade é gerada
a partir do interior do indivíduo, motivação interior é crucial" - mais
importante, de fato, do que "grandes afirmações teológicas". 31
A
vida espiritual é, antes de tudo, a imitação de Cristo... Em geral,
evitamos rituais religiosos. Rejeitamos a aderência servil a ritos, mas o
fazer o que Jesus faria é o nosso conceito de verdadeiro discipulado.
Consequentemente, a maioria dos evangélicos não aceitam o
sacramentalismo de muitas igrejas tradicionais, nem se unem aos quacres
que eliminam completamente os sacramentos. Praticamos o batismo e a Ceia
do Senhor, mas entendemos o significado destes ritos de maneira
prudente. 32
Ele diz que estes ritos são praticados como estímulos para a experiência pessoal e não por obediência à ordem divina. 33
Prossiga
no dever; coloque sua vida em ordem, para que, pela uso dos meios de
ajuda, você cresça e veja se não amadurece espiritualmente", nós
exortamos. De fato, se um crente chega ao ponto em que sente que a
estagnação se estabeleceu, o conselho evangélico é redobrar os seus
esforços no dever de praticar as disciplinas. "Examine a si mesmo", o
conselheiro espiritual evangélico admoesta. 34
Vamos
à igreja, ele diz, mas não para recebermos "os meios de graça", e sim
para que tenhamos comunhão, recebamos "instrução e encorajamento". 35 A ênfase no crente individual é evidente, ele diz, na expectativa de "achar um ministério" na comunhão local. 36
Tudo isso é contrário a uma ênfase em doutrina e, Grenz acrescenta, uma
ênfase em "um princípio material e formal" - em outras palavras, solo Christo e solo Scriptura. 37
Quando
a transformação pessoal e social se torna o principal ponto de fé e
prática, não devemos admirar que a linha distintiva entre catolicismo
romano e evangelicalismo se obscurece. Para Roma, é claro, a
justificação é simplesmente santificação: a transformação moral do
crente. A graça é oferecida, mas temos de cooperar com ela, se temos
finalmente de ser aceitos e renovados. De fato, com sua história mais
longa e mais sofisticada de influência cultural, a superioridade de Roma
na arena de transformação do mundo é aparente. De fato, uma vez que
nosso interesse em melhorarmos a nós mesmos e ao mundo tenha tornado
irrelevante (ou mesmo problemática) a justificação somente pela fé, por
que os mórmons e os evangélicos devem continuar divididos? Não mais
divididos por doutrina, a "cultura de protestantismo" da América ameaça
submergir totalmente o evangelicalismo, como o fez nas principais
denominações ecumênicas. As únicas denominações que ficarão com alguma
identidade serão, talvez, os partidos Republicano e Democrata.
De
acordo com o que já consideramos, a justificação não é o primeiro
estágio da vida cristã, e sim a fonte permanente de santificação e boas
obras. Lutero resume: "'Porque você crê em mim', diz Deus, 'e sua fé se
apropria de Cristo, que eu lhe dei gratuitamente como Justificador e
Salvador, portanto, seja justo'. Assim, Deus aceita você e o considera
justo tão somente por causa de Cristo, em quem você crê". 38
Não importando qualquer outra boa nova (concernente ao novo nascimento,
à vitória de Cristo sobre a tirania do pecado e à promessa de nos
renovar durante toda a nossa vida, à ressurreição de nosso corpo e ao
livramento da presença do pecado) ou quaisquer exortações úteis que
possamos oferecer, o anúncio que Lutero resume nestas palavras cria
sozinho e sustenta a fé que não somente justifica, mas também santifica.
As
boas obras podem ser realizadas agora livremente para Deus e o nosso
próximo sem qualquer temor de punição ou de agonia quanto aos motivos
confusos de cada ato. Por causa da justificação em Cristo, até as nossas
boas obras podem ser "salvas", para aprimorar não a parte de Deus, nem
mesmo a nossa, e sim a do nosso próximo. Como Calvino explica,
Mas
se, libertos desta exigência severa da lei ou, melhor, de todo o rigor
da lei, eles ouvem a si mesmos sendo chamados com cordialidade paternal
por Deus, eles responderão com alegria e grande ardor e seguirão esta
orientação. Resumindo: aqueles que estão presos ao jugo da lei são,
igualmente, servos que recebem certas tarefas de seus senhores, cada
dia. Estes servos pensam que não fizeram nada e não ousam comparecer
diante de seus senhores, se não cumprirem a medida exata de seus
deveres. Mas filhos, que são tratados mais generosa e brandamente por
seus pais, não hesitam em oferecer-lhes obras incompletas, feitas pela
metade e até deficientes, crendo que sua obediência e prontidão de mente
será aceita por seus pais, embora não tenham realizado o que seus pais
tencionavam. Devemos ser esse tipo de filho, crendo firmemente que
nossos serviços serão aprovados por nosso Pai muitíssimo misericordioso,
ainda que esses serviços sejam insignificantes, rudes e imperfeitos... E
precisamos desta segurança em grau profundo, pois, sem ela, tentaremos
fazer tudo em vão. 39
"Por
causa da justificação", acrescenta Ames, "a corrupção das boas obras
não impede que elas sejam aceitas e recompensadas por Deus". 40
Este
ponto de vista não somente fundamenta as boas obras na fé, mas também
liberta os crentes para amarem e servirem seu próximo sem o motivo de
obterem alguma coisa ou o temor de perderem o favor divino. Ele nos
libera para um ativismo que abrange o mundo e é profundamente consciente
de que, embora nosso amor e serviço nada contribuam para Deus e sua
avaliação de nossa pessoa, eles são, apesar de realizados com
fragilidade, indiferença e imperfeição, meios pelos quais Deus cuida da
criação.
Mesmo com a terminologia medieval, a teologia reformada pode manter o seguinte:
A
renovação não é um mero suplemento, um acréscimo, à salvação dado na
justificação. O âmago da santificação é a vida que se desenvolve da
justificação. Não há contraste entre a justificação como o ato de Deus e
a santificação como o ato do homem. O fato de que Cristo é a nossa
santificação não é exclusivo, e sim inclusivo, de uma fé que se apega
tão somente a ele em toda a vida. A fé é o eixo sobre o qual tudo gira.
Embora a própria fé não crie a santificação, ela nos preserva de
autossantificação e de moralismo. 41
A
questão real, disse Berkouwer, é se a justificação é suficiente para
fundamentar toda as bênçãos comunicadas em nossa união com Cristo. "O
mesmo catecismo [Heidelberg, Dia do Senhor, pergunta 24] que
nos nega até uma justiça parcial de nós mesmos menciona o propósito
solene com o qual os crentes começam a viver" de acordo com todos os
mandamentos.
É o começo que tem sua base unicamente na
justificação pela fé... Não é verdade que a santificação apenas sucede a
justificação. O Dia do Senhor, pergunta 31, que discute as chaves do
reino, ensina que o reino é aberto e fechado pela proclamação "aos
crentes, um e todos, de que, quando eles recebem a promessa do evangelho
por meio da fé verdadeira, todos os seus pecados lhes são realmente
perdoados". Este "quando" ilustra a relevância permanente da correlação
entre a fé e a justificação... O propósito da pregação dos Dez
Mandamentos é que os crentes possam "tornar-se mais fervorosos em buscar
a remissão dos pecados e a justiça em Cristo" [Catecismo de Heidelberg,
Pergunta 115]... Por conseguinte, nunca há progresso no caminho da
salvação onde a justificação é tirada de vista. 42
"A
santificação genuína - seja repetido - permanece firme ou decai com
esta orientação permanente direcionada para a justificação e a remissão
dos pecados." 43
Quando falamos sobre santificação, não deixamos a justificação para
trás. "Não estamos aqui preocupados com a transição da teoria para a
prática; como se devêssemos proceder de uma fé na justificação para as
realidades da santificação, porque podemos, da mesma maneira, falar
sobre a realidade da justificação e da nossa fé na santificação." 44
Paulo ensina que os crentes são "santificados em Cristo Jesus" (1 Co
1.2, 30; 6.11; 6.11; 1 Ts 5.23; cf. At 20.32; 26.18). Como Bavinck o
diz: "Muitos reconhecem, de fato, que somos justificados pela justiça de
Cristo, mas parecem pensar que - pelo menos, agem como se pensassem -
têm de ser santificados por uma santidade que eles mesmos adquiriram". 45
"O
apóstolo Paulo", Berkouwer escreve, "prega santidade com repetido
fervor, mas de maneira nenhuma ele compromete sua declaração inequívoca:
'Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este
crucificado' (1 Co 2.2)".
Nem por um momento ele afrontaria as
implicações dessa confissão. Por conseguinte, em cada exortação ele
devia estar relacionando seu ensino à cruz de Cristo. Deste centro,
todos os raios brilham em direção ao exterior - atingindo a vida de
cidades e vilas, de homens e mulheres, de judeus e gentios; atingindo
famílias, jovens e idosos, conflitos e desafetos, imoralidade e
bebedeira.
Se queremos manter em perspectiva este centro, bem
como os raios mais suaves e mais intensos que fluem dele, temos de ser
plenamente cientes de que, em mudarmos da justificação para a
santificação, não estamos nos retirando da esfera da fé. Não estamos
aqui preocupados com a transição da teoria para a prática; como se
devêssemos proceder de uma fé na justificação para as realidades da
santificação, porque podemos, da mesma maneira, falar sobre a realidade
da justificação e da nossa fé na santificação .46
Isso
significa que Berkouwer achava "incompreensível" que o ponto de vista
da Reforma tenha sido criticado como algo que não exercia qualquer
influência na santificação ou na vida de santidade. Ela tem tudo a ver
com a santificação, porque ela leva tudo de volta à fé em Cristo. 47
Portanto,
a santificação não é um projeto humano que suplementa o projeto divino
de justificação, nem um processo de negociar as relações causais entre o
livre-arbítrio e a graça infundida; é, antes, o impacto da Palavra
justificadora de Deus em cada aspecto da vida humana. É tempo de
colocarmos os bois na frente do carro novamente, para que,
primeiramente, a igreja seja, outra vez, um lugar onde a obra salvadora
de Deus será conhecida e experimentada e, também, para que aquela
genuína renovação pessoal e coletiva possa surgir a partir da contínua
maravilha do evangelho: a justificação gratuita de Deus para os ímpios -
até mesmos cristãos.
1 - Ver Michael Horton, "What's All the Fuss About?: The Status of the Justification Debate", Modern Reformation 11, no. 2 (March/April 2002), pp. 17-21.
2 - Charles G. Finney, Systematic Theology (Minneapolis: Bethany, 1976), p. 320.
3 - Charles G. Finney, Revivals of Religion (Old Tappan, NJ: Revell, n. d.), pp. 4-5.
4 - Finney, Revivals of Religion, p. 321. Ênfase no original.
5 - Ver Keith J. Hardman, Charles Grandison Finney: Revivalist and Reformer (Grand Rapids: baker, 1990) pp. 380, 394.
6 - Ver, por exemplo, Whitney R. Cross, The Burned Over District: The Social and Intellectual History of Enthusiastic Religion in Western New York, 1800-1850 (Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1982).
7 - Dietrich Bonhoeffer, "Protestantism without the Reformation, em No Rusty Swords: Letters, Lectures and Notes, 1928-1936, ed. Edwin H. Robertson, trans. Edwin H. Robertson e John Bowden (London: Collins, 1965), pp. 92-118.
8 - William H. Willimon, The Intrusive Word: Preaching to the Unbaptized (Eugene, Ore.: Wipf & Stock, 2002), p. 53.
9 - Willimon, p. 20.
10 - Willimon, p. 21, citando George Barna, Marketing the Church: What They Never Taught You about Church Growth (Colorado Springs, NavPress, 1988), p. 50.
11 - Willimon, p. 38.
12 - Willimon, p. 38.
13 - Willimon, p. 43.
14 - Willimon, p. 52.
15 - George Lindbeck. "Justification and Atonement: An Ecumenical Trajectory", em Joseph A. Burgess e Marc Kolden, eds., By Faith Alone: Essays on Justification in Honor of Gerhard O. Forde (Grand Rapids: Eerdmans, 2004), p. 205
16 - Lindbeck, pp. 205, 206.
17 - Lindbeck, pp. 207.
18 - Lindbeck, pp. 207.
19 - Lindbeck, pp. 208.
20 - Lindbeck, pp. 209.
21 - Lindbeck, pp. 211.
22 - G. C. Berkouwer, Studies in Dogmatics: Faith and Sanctification (Grand Rapids: Eerdmans, 1952), pp. 11-12.
23 - Stanley Grenz, Revisioning Evangelical Theology: A Fresh Agenda for the 21st Century (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1993), pp. 17, 31 e em todo o volume.
24 - Grenz, pp. 30, 34.
25 - Grenz, p. 32.
26 - Grenz, p. 33.
27 - Grenz, pp. 38, 41.
28 - Grenz, pp. 41-42.
29 - Grenz, p. 44.
30 - Grenz, p. 45.
31 - Grenz, p. 46.
32 - Grenz, p. 48.
33 - Grenz, p. 48.
34 - Grenz, p. 52.
35 - Grenz, p. 54.
36 - Grenz, p. 55.
37 - Grenz, p. 62.
38 - Martin Luther, Lectures on Galatians 1535, vol. 26, Luther's Works, eds. Jaroslav Pelikan e Walter A. Hansen (St. Louis: Concordia Publishing House, 1963), p. 132.
39 - John Calvin, Institutes of Christian Religion, 3.19.5.
40 - William Ames, Marrow of Theology (Grand Rapids: Baker Academic, 1997), p. 171.
41 - Berkouwer, p. 93.
42 - Berkouwer, p. 77.
43 - Berkouwer, p. 78.
44 - Berkouwer, p. 20.
45 - Citado em Berkouwer, p. 22.
46 - Berkouwer, p. 20.
47 - Berkouwer, p. 20.
2 - Charles G. Finney, Systematic Theology (Minneapolis: Bethany, 1976), p. 320.
3 - Charles G. Finney, Revivals of Religion (Old Tappan, NJ: Revell, n. d.), pp. 4-5.
4 - Finney, Revivals of Religion, p. 321. Ênfase no original.
5 - Ver Keith J. Hardman, Charles Grandison Finney: Revivalist and Reformer (Grand Rapids: baker, 1990) pp. 380, 394.
6 - Ver, por exemplo, Whitney R. Cross, The Burned Over District: The Social and Intellectual History of Enthusiastic Religion in Western New York, 1800-1850 (Ithaca, N.Y.: Cornell University Press, 1982).
7 - Dietrich Bonhoeffer, "Protestantism without the Reformation, em No Rusty Swords: Letters, Lectures and Notes, 1928-1936, ed. Edwin H. Robertson, trans. Edwin H. Robertson e John Bowden (London: Collins, 1965), pp. 92-118.
8 - William H. Willimon, The Intrusive Word: Preaching to the Unbaptized (Eugene, Ore.: Wipf & Stock, 2002), p. 53.
9 - Willimon, p. 20.
10 - Willimon, p. 21, citando George Barna, Marketing the Church: What They Never Taught You about Church Growth (Colorado Springs, NavPress, 1988), p. 50.
11 - Willimon, p. 38.
12 - Willimon, p. 38.
13 - Willimon, p. 43.
14 - Willimon, p. 52.
15 - George Lindbeck. "Justification and Atonement: An Ecumenical Trajectory", em Joseph A. Burgess e Marc Kolden, eds., By Faith Alone: Essays on Justification in Honor of Gerhard O. Forde (Grand Rapids: Eerdmans, 2004), p. 205
16 - Lindbeck, pp. 205, 206.
17 - Lindbeck, pp. 207.
18 - Lindbeck, pp. 207.
19 - Lindbeck, pp. 208.
20 - Lindbeck, pp. 209.
21 - Lindbeck, pp. 211.
22 - G. C. Berkouwer, Studies in Dogmatics: Faith and Sanctification (Grand Rapids: Eerdmans, 1952), pp. 11-12.
23 - Stanley Grenz, Revisioning Evangelical Theology: A Fresh Agenda for the 21st Century (Downers Grove, Ill.: InterVarsity Press, 1993), pp. 17, 31 e em todo o volume.
24 - Grenz, pp. 30, 34.
25 - Grenz, p. 32.
26 - Grenz, p. 33.
27 - Grenz, pp. 38, 41.
28 - Grenz, pp. 41-42.
29 - Grenz, p. 44.
30 - Grenz, p. 45.
31 - Grenz, p. 46.
32 - Grenz, p. 48.
33 - Grenz, p. 48.
34 - Grenz, p. 52.
35 - Grenz, p. 54.
36 - Grenz, p. 55.
37 - Grenz, p. 62.
38 - Martin Luther, Lectures on Galatians 1535, vol. 26, Luther's Works, eds. Jaroslav Pelikan e Walter A. Hansen (St. Louis: Concordia Publishing House, 1963), p. 132.
39 - John Calvin, Institutes of Christian Religion, 3.19.5.
40 - William Ames, Marrow of Theology (Grand Rapids: Baker Academic, 1997), p. 171.
41 - Berkouwer, p. 93.
42 - Berkouwer, p. 77.
43 - Berkouwer, p. 78.
44 - Berkouwer, p. 20.
45 - Citado em Berkouwer, p. 22.
46 - Berkouwer, p. 20.
47 - Berkouwer, p. 20.
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