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sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Dia do Senhor

Pr. Elissandro Rabêlo
Leitura: Filipenses 01:19-23; 03:17-21
Texto: Domingo 22 (pergunta 57)
Amados irmãos em Cristo e prezados visitantes
Paulo escreveu sua carta aos filipenses da prisão. Nessa condição de prisioneiro, ele sabia que duas coisas podiam lhe acontecer: ser liberto e continuar pregando o evangelho ou ser condenado à morte. Paulo não está ansioso ou desesperado com o que vai lhe acontecer. Ele sabe que isso está nas mãos de Deus. Paulo até expressa o desejo de permanecer um pouco mais para ajudar os filipenses a crescer na fé (Fp.1.25,26). Por outro lado, ele também afirma que deseja partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp. 1.23). 
Perceba que a principal preocupação do apóstolo Paulo, estando em liberdade ou condenado à morte, é engrandecer o nome de Cristo (Fp. 1.20). Na vida ou na morte Paulo busca a glória de Cristo. Ele não está preocupado simplesmente em viver ou morrer, mas em engrandecer a Cristo na vida ou na morte. Por isso ele afirmou: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (v.21). Nessa confissão de fé, Paulo revela tanto o seu interesse de continuar vivendo para servir a Cristo e sua igreja, como também a sua confiança de que, após a sua morte, ele estará eternamente com Cristo.

Tema: O Crente Confessa que Estará com Cristo após a sua morte
  • 1. A Atitude do Crente em Relação à Morte
  • 2. A Situação do Crente Após sua Morte
1. A Atitude do Crente em Relação à Morte

Aqui nós tocamos num assunto que ninguém gosta de pensar e muito menos falar dele: o problema da morte. Mas não há como fugir desse assunto. A morte é uma realidade e todos nós estamos sujeitos a ela. Ninguém pode fugir dela, sejamos crianças e velhos, ricos e pobres, homens e mulheres, crentes e descrentes (Sl. 39.4-7; 90.10). O homem pode até criar recursos e medicamentos para prolongar sua vida. Mas todos os seus dias estão contados e determinados por Deus (Sl. 139.16).
Mas o que é a morte? Por que ela existe? Que atitude os cristãos devem ter em relação a ela? Meus irmãos, Deus não nos criou para morrer. Contudo, a morte veio a existir como castigo de Deus por causa do pecado do homem (Gn. 2.17; Rm.5.12; 6.23). Ela faz parte da maldição que Deus pronunciou a Adão e a seus descendentes: “Tu és pó e ao pó tornarás” (Gn.3.19). Esse texto fala da morte física que é a separação do corpo e da alma. Mas a Bíblia fala também de mais dois tipos de morte: a) morte espiritual – separação da presença de Deus por causa do pecado (Ef.2.1); b) morte eterna – condenação eterna no inferno (Ap.20.14). A morte em todos os seus sentidos é uma triste realidade que precisamos aceitar. Mas a questão é esta: Que tipo de atitude o cristão deve ter diante da realidade da morte?
Em primeiro lugar, você não deve ter uma atitude de escapismo diante da morte. Muita gente teme a morte e sempre que possível evita comentar sobre o assunto. Muitos chineses, por exemplo, têm medo de que, mencionando a palavra morte, estejam convidando-a! A morte é uma realidade que o homem natural não ousa enfrentar. Ele prefere viver sua vida intensamente sem pensar no assunto, fugindo da realidade. Mas não há como escapar da morte, pois a Bíblia diz que todo homem está ordenado a morrer e que depois disso, vem o juízo (Hb. 9.27).
Em segundo lugar, você não deve ter uma atitude materialista diante da morte. Os ímpios que não conhecem a salvação em Cristo têm como deus o seu ventre. Eles vivem para si mesmos sem levar Deus em conta. O que importa para eles é aproveitar a vida ao máximo enquanto a morte não vem. Eles não negam a realidade da morte. Mas por outro lado, não dão a mínima para ela. O lema deles é: “Comamos e bebamos que amanhã morreremos”! (Is. 22.13). Que tristeza para os que vivem assim! Pois a Bíblia afirma que o fim deles é a perdição (Fp. 3.19). 
Em terceiro lugar, você não deve ter uma atitude de desespero diante da morte. Por um lado, muitas pessoas, cansadas e aflitas com os problemas da vida, vão ao encontro da morte cometendo suicídio. Por outro lado, há aqueles que entram em desespero e até reclamam contra Deus quando a morte visita sua casa. É claro que ficamos tristes e angustiados com os males da vida, inclusive com a morte. Mas não convém aos santos entrar em desespero diante da morte, pois eles sabem e crêem que nenhuma aflição, nem mesmo a morte pode separá-los do amor de Deus que está em Cristo (Rm. 8.38,39). 
Irmãos! A morte que traz desespero a tantas pessoas é, ao mesmo tempo, algo consolador para o povo de Deus. A Bíblia está cheia de consolo para o crente quando o assunto é a sua morte. Diz a Bíblia que é preciosa para o Senhor a morte dos seus santos (Sl. 116.15) e que aqueles que morrem no Senhor são bem aventurados porque descansam de suas fadigas (Ap.14.13). Portanto, o crente deve encarar a morte com uma atitude de paz e confiança nas promessas de Deus.
O apóstolo Paulo afirma que o morrer para o cristão é lucro (Fp.1.21). Nós sabemos que Paulo sempre esteve diante da morte. Mas ele não encarava a morte com desespero ou escapismo. Mas com paz em seu coração e confiança nas promessas de Deus. Ele sabia que poderia morrer a qualquer momento, mas isso não o incomodava. Pois ele sabia e cria que vivendo ou morrendo pertencia ao Senhor (Rm.14.8) e que mesmo no vale da sombra da morte, o Senhor estava com ele (Sl.23.4). Para Paulo, a morte não é o fim de todas as coisas, mas partir e estar com Cristo o que é incomparavelmente melhor (Fp.1.23). Essa certeza de estar com Cristo enchia seu coração de paz diante da morte. 
E quanto a você? Você sabe que a morte é uma realidade a qual você está sujeito! A qualquer momento o Senhor pode tirar você da face da terra! Mas com que atitude você encara esse assunto? Com medo, indiferença e incerteza? Ou com paz, esperança e confiança em Deus? Você se ocupa com este assunto? Você tem se preparado para morrer? Não se esqueça que o morrer é lucro apenas para quem o viver é Cristo (Fp.1.21). Vivendo pela fé em Cristo e andando nos seus caminhos, caminhamos com alegria e segurança para a eternidade. 
Fora de Cristo há desespero e perdição. Mas em Cristo há paz e salvação, pois ele venceu a morte pelo seu poder (I Co.15.54). Se por meio de Adão veio a morte, por meio de Cristo veio a vida. Se a morte é o salário do pecado, o dom gracioso de Deus para os que crêem é a vida eterna em Cristo Jesus. Em Cristo já não pertencemos mais ao reino da morte, mas esta é apenas a estrada que nos conduz para habitar eternamente com o Senhor (II Co.5.8). Vejamos no segundo ponto a situação dos que morrem no Senhor.


2. A Situação do Crente após sua Morte

Nós que convivemos a cada dia com a realidade da morte, confessamos a cada domingo que cremos na ressurreição do corpo. Que consolo confessar esta verdade! Nossa confissão explica esta doutrina a fim de consolar o crente em suas aflições e diante da certeza da morte. Perceba que a pergunta feita é: “Que consolo traz a você a ressurreição do corpo?”. O crente responde com paz e confiança: “Meu consolo é que, depois desta vida, minha alma será imediatamente elevada para Cristo, seu Cabeça. E que também este meu corpo, ressuscitado pelo poder de Cristo, será unido novamente à minha alma e se tornará semelhante ao corpo glorioso de Cristo” (CH, perg.57; Dom.20). 
É muito consolador para o crente saber que a morte não é o fim de todas as coisas. Ele sabe, em primeiro lugar que, ao morrer, sua alma já estará com Cristo. Essa confissão é uma fonte de consolo para todos nós que somos do Senhor. A morte física não é o último estágio na vida do filho de Deus, mas é uma benção, uma vantagem, pois significa deixar esse mundo e partir para estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor (Fp. 1.23; II Co. 5.8). 
Quem vive e morre em Cristo, terá seu corpo sepultado, o qual voltará ao pó, mas sua alma vai diretamente para o céu habitar com o Senhor. No período entre sua morte e sua ressurreição final na segunda vinda de Cristo, a alma do crente não vai para o purgatório se purificar dos seus pecados para depois entrar no céu. Nem tampouco a alma do crente vai ficar dormindo num estado de inconsciência até o dia da sua ressurreição final. Nada disso! O que Cristo afirmou para o ladrão arrependido na cruz, vale para todo crente: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc. 23.43). Perceba que Jesus não disse ao ladrão: “Olha, se você reencarnar e se transformar num ser melhor, você será salvo. Olha, depois de um sono profundo, eu venho te acordar para estar comigo no céu. Se você for para o purgatório e lá se purificar dos seus pecados, então, você vai entrar no paraíso comigo”. Nada disso! Jesus disse que naquele mesmo dia, aquele homem arrependido estaria com ele no paraíso. Seu corpo ficou pendurado na cruz e foi sepultado. Mas sua alma subiu com Cristo para o gozo celestial.
Essa promessa é também pra você crente. Console o seu coração nesta verdade confirmada por Cristo. Seu corpo pode ser sepultado um dia para aguardar a ressurreição final. Mas desde a sua morte, sua alma estará com o Senhor. Seus irmãos, parentes e amigos ficarão tristes com a sua partida. Mas essa tristeza é superada pela alegria de saber que você estar com o Senhor e pela certeza para seus irmãos de que um dia também se encontrarão com você e todos os santos na glória celestial. 
Morrer e partir para estar com Cristo é incomparavelmente melhor do que continuar vivendo na terra (Fp.1.23). É muito melhor não simplesmente porque não haverá mais sofrimento ou luta contra o pecado e nem porque você vai encontrar lá irmãos e amigos que aqui lhe deixaram. Mas é muito melhor porque você vai estar com Cristo, na presença dele, para glorificá-lo. É isso que motivava Paulo a desejar partir: estar com o Senhor (Fp.1.23; II Co.5.8). Você não deve desejar o céu porque quer se livrar do sofrimento dessa vida, mas porque ama a Cristo e quer estar com ele para sempre.
Por outro lado, devo dizer que a morte não é nada vantajosa para quem morre na rebeldia e incredulidade. O rico da parábola de Lázaro que o diga. Enquanto Lázaro foi para o céu, ele foi para um lugar de tormentos que a Bíblia chama de inferno (Lc.16.19-31). Viver sem Cristo e morrer sem Cristo é caminhar para a perdição eterna. E depois da morte não tem mais volta. Quem entrou pela porta estreita e andou no caminho apertado de Cristo seguiu para a vida eterna. Mas aquele que escolheu a porta larga e o caminho espaçoso do mundo terá como destino final a perdição. Você não pensa sobre isso? Não sabes que a qualquer momento estarás na eternidade? Vais permanecer em teus pecados e perecer eternamente? Não seja tolo! O salário do pecado é a morte! De nada vale ganhar o mundo e perder a sua alma. O que está esperando? Corra pra Cristo!  Creia nele! Permaneça em Cristo e nem mesmo a morte vai separá-lo da sua presença!  Pela fé em Jesus sua alma descansará segura em seus braços na hora da morte!
Em segundo lugar, o crente aguarda com confiança que seu corpo será ressuscitado por Cristo no último dia para ser glorificado e viver com ele eternamente. Ele confessa que seu corpo, “ressuscitado pelo poder de Cristo, será unido novamente à minha alma e se tornará semelhante ao corpo glorioso de Cristo”. É bem verdade que quando Jesus descer dos céus em toda a sua glória, todos aqueles que estiverem mortos ressuscitarão, crentes e ímpios (ver Jo.5.25,28,29). Perceba que para o ímpio a ressurreição é para a condenação eterna, enquanto que o justo é ressuscitado para a vida eterna.
Há pessoas que negam a ressurreição dos mortos. Elas não acreditam que o corpo que virou pó não pode ser unido de novo à alma para viver eternamente. Isso é negar o poder de Deus e ignorar as Escrituras. Ao ressuscitar Lázaro, Jesus afirmou que é a ressurreição e a vida e quem nele crê viverá eternamente (Jo.11.25). Paulo afirmou que Jesus é as primícias dos que dormem e por meio dele veio a ressurreição dos mortos (I Co.15.20,21).
Não há nenhum consolo em ser ressuscitado para a condenação eterna. Por outro lado, há um grande consolo em ser ressuscitado e receber um corpo glorioso igual ao de Cristo, um corpo que não mais vai morrer, sentir dores ou está sujeito ao pecado, mas um corpo perfeito para habitar eternamente com o Senhor. Jesus mesmo, pelo seu poder transformará nosso corpo de humilhação para ser igual ao corpo da sua glória (Fp.3.21).
Irmãos! Como é bom elevar os nossos pensamentos aos céus e pensar nestas coisas! Nossos corpos agora humilhados serão semelhantes ao de Cristo, perfeitos para a eternidade. Cristo nos salvou corpo e alma e, portanto, ele não deixará nossos corpos no túmulo para sempre. E se por acaso estivermos vivos na ocasião da sua vinda, também seremos transformados. No meio das suas aflições, olhe para Cristo e confie nas suas promessas. Ele foi preparar lugar para nós e voltará para nos receber em sua presença. Anime o seu coração! Console-se na promessa da ressurreição do corpo e da vida eterna! Viva para a glória de Cristo hoje, para desfrutar da sua glória na eternidade. Que seja essa a sua alegre confissão: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro” (Fp. 1.21) e este o seu firme desejo: “partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor” (Fp.1.23).
Amém!

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