Stuart Olyott
As
pessoas não-convertidas não têm grande interesse no uso correto do Dia
do Senhor, e inúmeros crentes se mostram confusos a respeito deste
assunto. Esta confusão permanecerá enquanto não levarmos em conta os
seguintes fatos importantes.
Quais são estes fatos?
1.
Quando a Bíblia usa o termo “sabbath”, ele não significa “sábado”.
“Sabbath” não é o nome de um dia da semana. A palavra é usada para
descrever um tipo de dia, um dia de descanso do trabalho. Em
todo o Antigo Testamento, os anos tinham 365 dias, e todo ano começava
em um dia de “sabbath” (Lv 23.4-16). Outras datas fixas nunca podiam
ser “sabbath” (Êx 12.1-28; Lv 23.15). Para fazer com que isso
acontecesse, o calendário tinha de ser ajustado regularmente. A
História nos ensina que isso era feito por acrescentar ao ano
“sabbaths” extras que ocorriam consecutivamente. Identificar “sabbath”
com o dia de sábado é um erro. Foi apenas depois do ajuste definitivo
do calendário judaico, em 359 D.C, que os “sabbaths” dos judeus
passaram a cair sempre no dia que agora chamamos de “sábado”.
2. O “sabbath” [descanso] não é uma instituição judaica. Deus o instituiu na criação (Gn 2.1-3). É um dom de Deus para a humanidade (Mc 2.27).
3.
Em certo aspecto, os Dez Mandamentos são diferentes de todas as outras
leis encontradas nas Escrituras. Deus os escreveu com o seu próprio
dedo. O Quarto Mandamento dEle é positivo, o mais comprido e o mais
detalhado dentre os dez, fazendo uma ligação entre os aspectos divino e
humano, moral e cerimonial da Lei (Êx 20.8-11; 31.18).
4. O
“sabbath” era importante para nosso Senhor Jesus Cristo. A Bíblia não
nos fala muito sobre os hábitos de Jesus, mas diz que Ele tinha o
costume de ir à sinagoga no “sabbath” (Lc 4.16). Jesus anunciou que era
Senhor do dia de “sabbath” (Mc 2.28). Dizer que o “sabbath” não
existe mais é uma negação do senhorio de Cristo.
5. O Senhor do
“sabbath” transferiu este dia para o primeiro dia da semana. Este foi o
dia em que Ele ressuscitou dos mortos (Jo 20.1-18), apareceu aos
discípulos (Jo 20.19, 26) e derramou o seu Espírito (At 2.1).
6.
Os apóstolos e a igreja primitiva guardavam com distinção o primeiro
dia da semana (At 20.7; 1 Co 16.2). Para evitar confusão, o Novo
Testamento Grego chama o sábado judaico de “sabbath” e o primeiro dia
da semana de “o primeiro dos sabbaths” (na tradução em português “o
primeiro dia da semana” - Mt 28.1; Mc 16 2, 9; Lc 24.1; Jo 20.1,19; At
20.7; 1 Co 16.2). Algumas pessoas crêem que isto é apenas uma expressão
idiomática grega significando apenas “o primeiro dia do ciclo da
semana”. Contudo, não existe quase nenhuma evidência para isto. Temos
de encarar os fatos: o primeiro dia da semana é um “sabbath”. Também
conhecido como “o dia do Senhor” (Ap 1.10).
7. Durante toda a
história da igreja, o domingo tem sido observado como o “sabbath” dos
cristãos. A evidência documental é unânime e retrocede a 74 D. C.
Durante as piores perseguições, perguntava-se aos suspeitos de serem
cristãos: “Dominicum Servasti?” (Você guarda o dia do Senhor?)
Os verdadeiros crentes respondiam: “Eu sou um cristão, não posso
deixar de fazer isso!” O que os crentes responderiam hoje?
8. É
realmente imoral não guardar o Dia do Senhor. O Quarto Mandamento, que
nos recorda isso, está em um código que proíbe a idolatria, o
assassinato, o furtar, o mentir e o cobiçar. O Quarto Mandamento nunca
foi anulado, e nunca o será (Mt 5.18). Quebrar um mandamento da Lei
significa tornar-se culpado de todos os demais (Tg 2.10). A violação do
dia de descanso traz o juízo de Deus (Ne 13. 15-22).
9. O domingo, o dia do Senhor, é um dia de regozijo e satisfação (Sl 118.24; 112.1). A Palavra de Deus chama-o de deleite
(Is 58.13). Deus nos deu esse dia como uma bênção para todos nós (Mc
2.27-28). Falando sobre a época evangélica, Isaías diz: “Bem-aventurado
o homem que... se guarda de profanar o sábado” (Is 56.2).
10. As
bênçãos do Dia do Senhor são visíveis a todos: recorda aos homens e
mulheres caídos que existe um Deus a quem eles devem adorar; dá aos
crentes a oportunidade de se reunirem ao redor da Palavra e, assim,
mantém a vida espiritual deles; fornece oportunidades para a pregação
do evangelho; fortalece os laços familiares; permite que toda a nação
descanse; promove a saúde... e a lista poderia continuar.
11. No
Antigo Testamento, homens piedosos, como Moisés, Amós, Oséias, Isaías,
Jeremias, Ezequiel e Neemias, contenderam com as pessoas por causa do
dia de descanso. A história da igreja está repleta de outros que
fizeram o mesmo. O que nos impede de seguir o exemplo deles?
Como devemos usar o domingo?
Com
estes fatos em mente, podemos ver que, para nós, o domingo é o dia de
descanso ordenado por Deus. É o dia que incorpora tudo o que é
permanente e universal no Quarto Mandamento. Então, como devemos
usá-lo? Para responder esta pergunta, temos de falar tanto negativa
como positivamente.
O que não devemos fazer
Não devemos imitar os fariseus.
Não devemos trabalhar.
Não devemos ficar ociosos.
O que devemos fazer
O
dia de descanso tem sua origem na Criação. Por um tempo, usou as
vestes do Antigo Testamento. No entanto, agora está com uma roupagem do
Novo Testamento. Isto significa que não podemos impor ao dia de
descanso as regras mosaicas que já passaram, tais como as que
encontramos em Êxodo 35.2-3 ou Números 15.32-36. Não devemos ter em
mente uma lista de faça e não faça, tal como se lê em Mateus 12.1-2. À
legislação de Moisés, os fariseus acrescentaram todo tipo de regras
deles mesmos. Para os fariseus, esfregar o grão na mão era o mesmo que
debulhá-lo. Eles também tinham regras a respeito de quanto peso se
devia carregar e quão distante se podia caminhar no dia de descanso.
Por trás de todas as regras dos fariseus, havia uma mentalidade que não
tem qualquer lugar na vida de um crente do Novo Testamento.
Não devemos trabalhar.
Na
Bíblia, a palavra “trabalhar” significa muito mais do que ganhar a
vida. Também se refere aos deveres de nosso dia-a-dia, à nossa
recreação e ao pensamento que motiva estas coisas. Quanto for possível,
todas estas coisas têm de ser colocadas de lado, tanto por nós como
por aqueles pelos quais somos responsáveis. Devem ser colocadas de lado
não porque somos pecadores ou impuros, e sim porque Deus nos ordenou
que as fizéssemos nos outros seis dias da semana (Êx 20.8-11).
Não devemos ficar ociosos.
O
descanso de Deus, após a Criação, não foi inatividade, e sim o cessar
um tipo de atividade (Jo 5.17). O domingo deve ser um descanso santo
que nos faz cessar um conjunto de objetivos, para que sigamos outro
conjunto de objetivos bastante diferentes. Não é um dia para vadiarmos
por aí.
O que devemos fazer
Devemos nos reunir com outros crentes.
Devemos evangelizar.
Devemos nos envolver em obras de misericórdia.
Devemos nos envolver em obras necessárias.
Devemos nos reunir, tanto formal como informalmente
(At 2.1; 20.7; Jo 20.26). A Bíblia não delineia algum tipo de lista de
atividades para o domingo, mas o princípio é claro. O domingo não é um
dia para gastarmos sozinhos ou somente com a família.
Devemos nos reunir especificamente para a edificação,
ou seja, para edificarmos uns aos outros nas coisas de Deus. De tudo o
que fizermos com este objetivo, o ensino da Palavra e a Ceia do Senhor
são o mais importante (Atos 20.7).
Devemos evangelizar.
O
Dia de Pentecostes começou com uma assembléia que visava à ajuda e ao
encorajamento mútuos, mas a vinda do Espírito também consagrou aquele
dia à evangelização. A vinda do Espírito Santo pode ser vista como um
penhor de sua bênção nesta conexão (At 2).
Devemos nos envolver em obras de misericórdia.
É
lícito fazer o bem no domingo, especialmente salvar vidas, curar e
trabalhar pelo bem-estar espiritual dos outros (Lc 6.9; Mt 12.5; Lc
13.10-17; 14.1-6; Jo 5.6-9, 16-17). O domingo comemora o maior ato de
misericórdia de todos os tempos. Todos podemos pensar em incontáveis
maneiras de fazer o bem às pessoas, mas este aspecto da observação do
domingo é amplamente esquecido. Aqueles que acham o domingo “monótono”
quase sempre são pessoas que se tornaram egoístas.
Devemos nos envolver em obras necessárias.
Não
podemos limitar isso apenas àquelas coisas necessárias à nossa
sobrevivência, visto que, se assim fosse, passaríamos o dia somente
respirando. O dia de descanso foi criado para o homem — em outras
palavras, foi criado para o bem-estar do homem. Não há qualquer
conflito entre guardar o domingo e seguir os nossos melhores interesses
(Mt 12.1-8, 11-12). Continue, desfrute do domingo! Além das atividades
já mencionadas, reúna-se com os amigos, prepare boa refeição para
eles, converse, caminhe, sorria, ore, admire a criação de Deus e vá para
a cama tendo um coração grato e contente.
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Fonte: Editora Fiel
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Fonte: Editora Fiel
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